Os riscos melhoraram no cenário global após o corte de juros nos Estados Unidos e o pacote de estímulo fiscal anunciado pela China. No Brasil, apesar do crescimento do PIB acima das expectativas e do aumento de arrecadação por parte dos governos, ainda existe forte preocupação com a meta do déficit fiscal, taxada como “fictícia” por causa da falta de transparência.
Diante desse cenário, a XP optou por manter em outubro o mesmo portfólio global de setembro, com mais exposição à renda fixa do que em ações, na comparação com agosto. “Consideramos prudente não realizarmos movimentações nas carteiras e seguiremos monitorando a evolução no cenário macroeconômico global e local, bem como eventos geopolíticos iminentes (eleição presidencial e conflitos no Oriente Médio)”, escreveram Artur Wichmann, Rodrigo Sgavioli e Eduardo Melo em relatório de alocação.
Na carteira no exterior, a casa recomenda exposição de 2,5% em renda fixa para todos os perfis de investidores (conservador, moderado e sofisticado). Apesar de os rendimentos dos títulos americaranos terem voltado ao “normal” após a desinversão da curva de juros com os cortes do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), a classe ainda é uma alternativa válida para exposição internacional, funcionando como “hedge cambial”, segundo a instituição.
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Em relação às ações internacionais, a XP sugere 2,5% para investidores conservadores, 3,5% para moderados e 5% para aqueles que tomam mais risco – uma alocação considerada abaixo do neutro. Os analistas da empresa acreditam que o cenário nos EUA e os estímulos do governo chinês podem continuar contribuindo com o desempenho de ativos de renda variável, mas o risco retorno não é tão atrativo.
“Nossa alocação abaixo do considerado neutro nessa classe de ativos reflete a visão de uma relação de risco e retorno não muito atrativa, especialmente considerando que as apertadas eleições norte-americanas, que ocorrem em novembro, podem representar um risco para os preços dos ativos de renda variável global, especialmente nos EUA”.
Renda fixa Brasil
No Brasil, a relação entre risco e retorno dos ativos de renda fixa está favorável na comparação com outras classes, segundo a casa, após elevação dos juros em 25 pontos-base em setembro, para 10,75%, e a expectativa de novas altas. A XP recomenda alocação de 87,50% para perfis conservadores, 68% para moderados e 50% para os arrojados.
Entre as três categorias de títulos de renda fixa, a XP diz que os ativos pós-fixado estão mais atrativos por causa dos juros e do baixo risco, principalmente os títulos públicos. O mesmo vale para os títulos IPCA +, especialmente os de curta duração (abaixo de 6 anos), que estão com taxas parecidas com aqueles ativos com data superior de vencimento. Sobre os prefixados, a instituição sugere cautela enquanto não há total clareza sobre o nível da Selic.
Bolsa brasileira
No caso de bolsa brasileira, segundo a instituição, o prêmio de risco está elevado e há empresas com potencial. No entanto, as taxas longas da curva de juros continuam voláteis e com tendência de alta, o que dificulta a análise no curto prazo sobre os valores justos dos papéis.
“Manter-se alocado nessa classe de ativos, sem tentar acertar o momento certo de compra e venda, parece ser a abordagem mais adequada para carteiras de longo prazo. No contexto atual, é prudente ter exposição a ações de setores mais defensivos ou com características resilientes para evitar grandes volatilidades ao longo do caminho”, diz a instituição, que recomenda exposição entre 0% e 15%, dependendo do perfil.
No relatório, a casa sugere ainda que ter alocação em ativos alternativos, como fundos de private equity e venture capital, podem ajudar a reduzir a volatilidade. Além disso, a XP mantém a aposta nos multimercados, que ajudam a diversificar a carteira de investimentos, diz. Desde janeiro, essa classe acumula retiradas de R$ 198,2 bilhões. Apesar das saídas, a indústria como um todo ainda entrega saldo positivo de R$ 253,6 bilhões no ano.
Veja as carteiras recomendadas para os 3 diferentes perfis:
Fonte: Relatório Mensal de Alocação da XP | Agosto 2024