Israel confirmou pela primeira vez que esteve por trás da operação em setembro para detonar centenas de pagers usados pelo Hezbollah no Líbano.
A mídia israelense informou no domingo (10) que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse ao seu gabinete: “A operação contra os pagers e a eliminação do (líder do Hezbollah, Hassan) Nasrallah foram lançadas apesar da oposição de altos oficiais do estabelecimento de segurança e do escalão político responsável por eles.”
Um oficial israelense confirmou essas declarações à CNN – a primeira vez que Israel reconhece seu papel na operação.
A decisão do governo de informar a mídia israelense sobre as declarações de Netanyahu – e, por extensão, confirmar que Israel esteve por trás da operação – parece ser mais um capítulo das manobras políticas internas que dominaram Israel nas últimas semanas.
A mídia israelense interpretou a frase como uma crítica implícita à liderança militar e ao estabelecimento de inteligência de Israel, assim como ao então ministro da Defesa, Yoav Gallant, a quem Netanyahu demitiu na terça-feira (5).
O Gabinete do Primeiro-Ministro nega qualquer irregularidade.
Explosão de dispositivos de comunicação
Em 17 de setembro, milhares de explosões atingiram membros do Hezbollah, com foco em seus pagers e, um dia depois, em seus walkie-talkies. As explosões mataram pelo menos 37 pessoas, incluindo algumas crianças, e feriram quase três mil, muitos deles civis que estavam apenas como espectadores, de acordo com as autoridades de saúde libanesas.
No dia seguinte às explosões dos pagers no Líbano, Gallant pareceu reconhecer o papel de seu país.
“AS IDF (Forças de Defesa de Israel) alcança excelentes resultados, junto com o Shin Bet, o Mossad, todos os órgãos e todas as estruturas, e os resultados são impressionantes”, disse ele no dia 18 de setembro, durante uma visita à base aérea de Ramat-David, no norte de Israel.
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Conversas “muito boas” com Trump
O reconhecimento dos ataques aos pagers veio enquanto Netanyahu dizia que havia conversado três vezes nos últimos dias com o presidente eleito dos EUA, Donald Trump.
Falando antes de uma reunião de gabinete no domingo, Netanyahu disse: “Foram conversas muito boas e muito importantes, com o objetivo de fortalecer a sólida aliança entre Israel e os Estados Unidos.”
Ele acrescentou: “Concordamos sobre a ameaça iraniana em todos os seus aspectos e o perigo que ela representa. Também vemos as grandes oportunidades diante de Israel – em paz e expansão, e em outras áreas.”
Netanyahu também se referiu aos eventos na Holanda na semana passada, quando torcedores israelenses foram alvo de ataques antissemitas e violência.
“Não vamos permitir que os horrores da história se repitam. Nunca nos renderemos – nem ao antissemitismo nem ao terrorismo”, disse Netanyahu.
“Uma linha clara conecta os dois recentes ataques antissemitas contra Israel em solo holandês: o ataque jurídico criminoso contra o Estado de Israel no Tribunal Internacional de Justiça (sic) em Haia, e o ataque criminoso violento contra cidadãos israelenses nas ruas de Amsterdã”, afirmou Netanyahu.
Em maio, o procurador-chefe do Tribunal Penal Internacional pediu mandados de prisão contra Netanyahu e o então ministro da Defesa Yoav Gallant, alegando que ambos eram responsáveis criminalmente por crimes de guerra e crimes contra a humanidade.
Netanyahu acrescentou: “Continuaremos a defender nosso país e nossos cidadãos em todas as frentes, contra toda ameaça, com a ameaça iraniana à frente.”
No domingo, Israel aconselhou seus cidadãos a evitar participar de eventos esportivos e culturais envolvendo israelenses fora do país, após os ataques em Amsterdã.
Em um alerta público, o Conselho de Segurança Nacional (NSC) de Israel alertou sobre supostas convocações para “prejudicar israelenses e judeus, sob a aparência de protestos e manifestações, explorando eventos de reunião (como eventos esportivos e culturais) para maximizar o dano e a exposição na mídia.”
O NSC sugeriu que esses ataques planejados poderiam ocorrer na Bélgica, no Reino Unido e na França. Ele orientou os israelenses a evitarem especialmente a próxima partida de futebol França-Israel em Paris, na quinta-feira (14).
Os israelenses também foram advertidos a evitar protestos e manifestações e a “tomar um cuidado extra para ocultar símbolos israelenses/judeus identificáveis.”
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