O Comitê de Política Monetária (Copom) votou nesta quarta-feira (11) para acelerar a alta da taxa de juros básica do país em 1 ponto percentual. Com isso, a Selic encerrará 2024 no patamar de 12,25%.
Apesar de alguns agentes econômicos apontarem a possibilidade, a mediana do mercado — apurada pelo boletim Focus divulgado na segunda-feira (9) — esperava uma elevação de 0,75 ponto.
Além de acelerar os juros, o BC indicou mais duas altas da mesma magnitude nos próximos encontros, em janeiro e março de 2025.
Para analistas ouvidos pela CNN, a decisão rígida deve acalmar os mercados, que atuam em forte aversão ao risco com a piora das expectativas com o cenário fiscal no Brasil nas últimas semanas.
A postura foi “bem dura”, ressaltou Luiz Fernando Figueiredo, ex-diretor de Política Monetária do Banco Central (BC) e presidente do conselho da JiveMauá, porém, “bem correta”.
“[O Copom foi] bem firme nos pontos que realmente mudaram da última reunião para cá, e suscitaram essa postura bem mais firme. Para mim, correto e muito firme”, conclui Figueiredo.
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Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, celebra o anúncio ao avaliar que ele remove “qualquer dúvida do compromisso deste Banco Central em controlar a inflação”.
Desse modo, avalia que o mercado deve tranquilizar após a decisão.
“Acho que o mercado pode reagir positivamente amanhã com queda da ponta longa e apreciação da moeda brasileira. Esse Copom é muito importante porque ele é já uma sinalização, o simbólico é mais real do que o real, é muito importante”, enfatiza Gala.
“É o primeiro Copom depois do atraso do pacote fiscal, que não veio com a força que se imaginava, e depois com o movimento do dólar indo a R$ 6”.
Camilla Dolle, Head de Renda Fixa da XP, observa que os juros futuros também devem suavizar, em relação ao longo prazo, com o endurecimento do Copom.
“O que a gente deve ver em relação à reação do mercado, provavelmente é o aumento na expectativa de juros para o curto prazo, que é aquele pensando a expectativa em relação à política monetária. E é possível que a gente veja uma um fechamento de curva para o longo prazo em resposta”, explica Dolle.
No final de novembro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou um pacote de contenção fiscal, cuja expectativa é de economizar aos cofres públicos mais de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos, com medidas como revisões no abono salarial e no reajuste do salário mínimo.
As medidas, porém, foram apontadas como insuficientes para estabilizar a dívida pública. Além disso, a avaliação é de que o governo errou ao anunciar uma proposta de renúncia fiscal – a isenção de Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil por mês – em paralelo ao pacote de contenção.
A medida teve péssima repercussão entre os investidores, fazendo o dólar alcançar os maiores patamares desde a criação do Plano Real, em 1994.
Em suas últimas reuniões, o Copom vinha ressaltando preocupações com o cenário exterior, a perda de valor do real frente ao dólar e a deterioração das expectativas de inflação dos agentes econômicos.
No primeiro Focus do ano, o mercado apontava que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) — a inflação oficial do país — encerraria 2024 em 3,9%, enquanto o dólar fecharia cotado em R$ 5.
Já o boletim desta segunda, a estimativa para a alta dos preços apontada foi em 4,84% — resultado acima do teto de 4,5% da meta de inflação — e o câmbio em quase R$ 6.
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