Estima-se que 197 milhões de pessoas fizeram compras durante o período de cinco dias entre o Dia de Ação de Graças e a Cyber Monday. Embora não tenha levado a um recorde de gastos, o fornecedor de software de automação de marketing Klaviyo afirma ter ajudado clientes como a Mattel e a Liquid Death a alcançar novos patamares.
Amanda Whalen, diretora financeira da Klaviyo, compartilhou que mais de 15 mil clientes da empresa disseram ter alcançado seu melhor dia de vendas durante o fim de semana e gerado US$ 3 bilhões em “Valor Atribuído à Klaviyo”. Esse valor se refere à receita gerada por clientes a partir de e-mails, notificações push e mensagens de texto utilizando as ferramentas de marketing da Klaviyo.
“A fidelidade à marca supera as pechinchas”, analisou Whalen durante uma conversa virtual organizada pela Fortune e pela Workday, fornecedora de software de gestão financeira e de RH. “Os consumidores esperavam que as marcas que amam oferecessem um incentivo, em vez de apenas esperar pelo melhor negócio em termos absolutos”, explicou Whalen.
O foco centrado no cliente da Klaviyo e seus investimentos em novas tecnologias, como a inteligência artificial generativa, ajudaram a empresa a alcançar o sétimo lugar na lista anual de empresas Future 50. A Fortune desenvolve a lista em parceria com o Boston Consulting Group (BCG) desde 2017 com o objetivo de indexar as empresas públicas e privadas de rápido crescimento. Os dados que ela analisa vão além do crescimento da receita e do retorno aos acionistas, focando em métricas de sucesso mais prospectivas.
“Nossa percepção é que precisamos ir além das métricas financeiras”, explicou Johann Harnoss, sócio e diretor associado do BCG. “Analisamos detalhadamente as pilhas de tecnologia das empresas, assim como o talento, a composição organizacional e cultural delas”, acrescentou Harnoss.
A lista Future 50 deste ano foi baseada na avaliação de 3 mil candidatos, com a empresa de software australiana Atlassian ficando no topo do ranking, seguida pela plataforma de jogos Roblox e pela empresa de software de gestão de projetos Monday.com, que ficou em terceira.
Whalen explicou que as decisões de investimento de sua equipe são voltadas diretamente para maneiras de melhorar os resultados para os clientes, como oferecer o produto em sete idiomas, incluindo francês, espanhol e italiano, além de mensagens personalizadas criadas por IA, que podem ser editadas por um profissional de marketing. “No caso da IA, é assim que ajudamos nossos clientes não apenas a enviar a mensagem certa para o consumidor certo na hora certa, mas também a gerar essa mensagem”, afirmou Whalen.
O poder de investir em IA e no trabalho remoto
A Workday é um exemplo de quão visionária a lista Future 50 pode ser. A empresa foi classificada em primeiro lugar nas listas de 2018 e 2019 e, desde então, sua receita anual cresceu de US$ 2,1 bilhões para US$ 7,3 bilhões no último ano fiscal, o que ajudou a Workday a entrar pela primeira vez na lista Fortune 500 em 2024. A Workday tem mais de 10,5 mil clientes, 60% das quais empresas da Fortune 500.
Segundo Alejandro Mayer, diretor de estratégia e operações comerciais da Workday, o valor inicial da empresa foi ter construído uma pilha de tecnologia em torno de uma nova tecnologia na época, que era a nuvem, o que a diferenciou. A empresa agora está aplicando a mesma abordagem inovadora à inteligência artificial.
“Hoje, ela é uma tecnologia nova, mas seguimos o mesmo conceito e DNA de alavancar essa tecnologia para ajudar nossos clientes a extrair mais de seus recursos humanos e financeiros, gerando valor para suas empresas”, disse Mayer.
A Atlassian atribui o sucesso da empresa aos investimentos no futuro do trabalho, que incluem a adoção do trabalho remoto e da inteligência artificial. Enquanto grandes empregadores como a Amazon e a Starbucks estão implementando mandatos de retorno ao escritório, a Atlassian adota uma abordagem de “equipe em qualquer lugar”, que permite aos colaboradores trabalharem a partir de milhares de cidades, mas também visitar uma dúzia de escritórios físicos da empresa, caso desejem.
“O talento não está apenas nas grandes cidades”, analisou Avani Solanki Prabhakar, diretor de pessoal da Atlassian. “O futuro do trabalho será um em que você não estará colaborando sentado dentro de um escritório, mas sim on-line, onde quer que esteja”, afirmou.
Prabhakar explicou que a independência de localização resultou em um aumento de 20% no número de ofertas aceitas por candidatos a empregos. O investimento que a Atlassian está fazendo em IA gira em torno da crença de que, no futuro, os trabalhadores colaborarão com colegas de equipe humanos e de IA.
A Databricks, uma empresa de armazenamento de dados que trabalha com clientes como a Comcast e a Shell, ficou em 11º lugar na lista Future 50. De acordo com a empresa, a maior acessibilidade da IA generativa levou a conversas com clientes que vão além dos líderes tradicionais de TI, e departamentos como finanças e marketing também estão em busca de casos de uso para essa tecnologia em rápida evolução.
“Na empresa, todos afirmam que ‘sabem como utilizar o ChatGPT, então deveriam conseguir acessar todos os dados e insights de uma organização’”, analisou Arsalan Tavakoli, cofundador da Databricks e vice-presidente sênior de engenharia de campo.
A Databricks se destaca por organizar a equipe por segmento de clientes, permitindo que os colaboradores se tornem especialistas profundos em casos de uso e soluções de IA para vários setores, como finanças, assistência médica e varejo, explicou. Esses colaboradores podem ser tecnólogos experientes, mas também precisam conseguir comunicar com clareza os benefícios para os negócios dos clientes.
“A parte desafiadora é ensiná-los a associar isso à tecnologia e à diferenciação”, disse Tavakoli. “É algo que temos que fazer internamente.”
Equilíbrio entre agilidade e expansão
A Atlassian, a Klaviyo e a Databricks explicaram que estão investindo em formas de tornar seus processos internos mais velozes e ágeis, enquanto expandem rapidamente seus negócios. “Para nós, se trata de ter uma mentalidade constante de pensar não apenas ‘o que estou fazendo e qual é o resultado hoje, mas como posso tornar esse processo maior, mais escalável e duradouro?’”, ponderou Whalen.
A Atlassian adota diferentes cadências de planejamento para sua estratégia operacional geral, avaliações de desempenho e lançamentos de produtos. A empresa cultivou uma cultura no local de trabalho voltada para a velocidade. “Você tem uma cultura onde as pessoas podem agir rapidamente, quebrar coisas e pedir perdão por isso depois?” disse Prabhakar, fazendo referência ao etos do Vale do Silício de pedir perdão, não permissão.
Tavakoli, da Databricks, afirmou que as empresas devem incentivar esforços para pensar de forma inovadora e permitir que os colaboradores explorem projetos que possam melhorar os processos de negócios, sem sufocá-los com ênfase demais nas tarefas do dia a dia.
“Quando as pessoas analisam a cultura, que comportamento é reconhecido e recompensado?” perguntou retoricamente. Para que a inovação funcione “é comum as pessoas na organização analisarem um problema e pensar ‘posso construir algo a partir de pedaços quebrados’”, acrescentou.