A última decisão do ano de política monetária pelo Federal Reserve (Fed), o banco central americano, será anunciada nesta quarta (18), após a reunião da autoridade hoje (17) e amanhã.
Francisco Nobre, economista da XP, participou nesta terça do programa Morning Call da XP, e lembrou que no passado a última decisão do Fed de 2023 movimentou muito os mercados, inclusive no Brasil.
“Naquela oportunidade, o Fed não cortou a taxa de juros, mas sinalizou que o faria em breve. Assim, a bolsa subiu aqui, o câmbio se valorizou, as moedas no mundo inteiro se valorizam”, recorda.
SAIBA MAIS
Sinalização para 2025
Ele explica que o fato de ser um evento de fechamento de 2024 da principal autoridade monetária do mundo, acaba mexendo com os mercados porque sinaliza como vai ser a condução da política monetária no ano seguinte.
A decisão sobre os juros, segundo o economista, deve ser a já amplamente esperada pelo mercado, de corte de 0,25 ponto percentual (pp). “Muito dificilmente a gente vai ver uma surpresa na decisão. Isso marcaria o terceiro corte da taxa de juros (setembro o corte foi de 0,50 pp e em novembro, de 0,25pp), entregando corte de 1 pp que (o Fed) havia sinalizado em setembro”, disse.
“Mas muito dificilmente vai se repetir uma surpresa dovish que se viu no ano passado, muito pelo contrário, os riscos estão inclinados para o posicionamento mais hawkish daqui em diante”, comentou.
Política fiscal
“Os problemas na economia americana ainda persistem. A inflação cedeu bastante, mas ainda não está na meta. A atividade econômica ainda está bastante resiliente, com consumo forte. Isso vem adicionando pressões inflacionárias”, disse, acrescentando que o mercado de trabalho também está bastante apertado.
Outro ponto importante diz respeito ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que toma posse em janeiro. “Há uma incerteza muito grande qual vai ser o posicionamento das políticas fiscais no ano que vem, conforme o novo presidente Trump comece a avançar em suas agendas econômicas”, disse.
“O que a gente deve acompanhar amanhã é uma postura cautelosa do Fed, sinalizando que não tem tanta pressa para cortar os juros em 2025”, afirmou.
Francisco Nobre avaliou que existe ainda espaço para reduzir a taxa de juros americana, mas ele é limitado. O economista crê na “postura (do Fed) de esperar para observar” o que vai acontecer antes de qualquer decisão no ano que vem.