(Reuters) – As ações da maior empresa de planos de saúde do Brasil, Hapvida (HAPV3), despencaram 11,28%, a R$ 2,28, nesta terça-feira, com analistas citando impactos à companhia e ao setor de propostas de regras para reajustes dos planos anunciada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar, ANS.
“Sendo a empresa de menor custo, a Hapvida será uma das mais afetadas pela proposta que pode penalizar os operadores (de planos de saúde) mais eficientes”, afirmaram analistas do BTG Pactual em relatório a clientes.
A ANS divulgou no final da tarde de segunda-feira o resultado de estudos relacionados à implementação de uma nova política de preços e reajustes para os planos de saúde, em um momento em que o setor tem se mostrado em evidência após o assassinato a tiros de um executivo do segmento em Nova York.
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Segundo a agência, o debate sobre o “aprimoramento” das regras foi iniciado nos últimos meses e envolve reajuste de planos coletivos, coparticipação e franquia, venda de planos online e revisão técnica de preços de planos individuais e familiares.
Entre as novas regras propostas, segundo a ANS, não será permitida a acumulação de índices financeiro e por sinistralidade para cálculos de reajuste.
“A operadora precisará adotar ou um ou outro. Além disso, a ANS definirá um percentual mínimo de 75% para sinistralidade meta para cálculo de reajuste. O objetivo é dar ao consumidor maior transparência sobre o cálculo realizado para a definição do percentual”, afirmou a agência em comunicado à imprensa.
“Depois de muitos problemas regulatórios após a pandemia, muitos participantes do setor esperavam que o efeito líquido das potenciais mudanças viria para melhor, não para pior”, afirmaram os analistas do BTG, citando cobertura ilimitada para tratamentos de autismo e várias atualizações do rol de procedimentos.
Por volta de 10:35, as ações da Hapvida recuavam 8,17%, a 2,36 reais, após terem marcado uma mínima desde abril de 2023 a 2,23 reais. No setor, os papéis da Rede D’Or (RDOR3), também potencialmente afetada em seu braço de seguros, caíam 3,42%, a 26 reais. No mesmo horário, o Ibovespa subia 0,24%.
O Goldman Sachs comenta que a proposta pode limitar a flexibilidade dos reajustes de preços para empresas que operam com maior eficiência em comparação com esses limites, como a Hapvida.
Já a SulAmérica, da Rede D’or (RDOR3), “não deve ser impactada por essa medida, uma vez que já opera com uma taxa de sinistralidade (MLR) acima do limite mínimo sugerido”, avalia Goldman Sachs.
Além disso, o Goldman acredita que a ANS apresentou uma mensagem mais rígida do que o esperado em relação ao reajuste técnico extraordinário dos planos individuais, ao estabelecer critérios restritivos de elegibilidade e contrapartidas/limites aos operadores (por exemplo, planos individuais deficitários devem representar riscos reais de solvência para a entidade consolidada; toda a carteira de planos individuais deve ser deficitária, e não apenas contratos específicos; e os operadores devem estar atualmente comercializando planos individuais).
O Itaú BBA, por sua vez, avalia que os resultados dos estudos da ANS não devem ser concluídos em breve. A ANS ainda abrirá uma audiência pública de dezembro de 2024 a fevereiro de 2025 para ouvir as opiniões das empresas e stakeholders.
No entanto, segundo BBA, muitas das propostas divulgadas hoje indicam uma regulamentação mais pesada para os planos de saúde, particularmente sobre a regulamentação de aumentos de preços para planos corporativos, o que poderia potencialmente dificultar uma melhoria na lucratividade para o setor de planos de saúde e, posteriormente, para o restante do sistema de saúde privado.
(com Reuters)