A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, reafirmou que a atuação do Ibama no processo de licenciamento da perfuração do bloco 59, na Margem Equatorial, ocorre de forma técnica e isenta de pressões políticas. A declaração foi feita durante entrevista ao programa Roda Viva, na noite de segunda-feira (10).
“Independentemente de um ministro ou outro procurar o Ibama para dialogar, a concessão da licença ocorre por meio de um processo técnico, que avalia a viabilidade ambiental do empreendimento”, afirmou Marina.
A ministra enfatizou que ajustes podem ser feitos, mas sempre com base em critérios ambientais. “Se todas as dificuldades forem superadas durante o processo de licenciamento, a licença pode ser concedida. Caso contrário, ela é negada. Mas é uma decisão técnica”, disse.
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Pressão política e embates
A ministra e o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, indicado por ela para o cargo, enfrentam pressões sobre o processo de licenciamento na Margem Equatorial. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já fez críticas públicas ao órgão ambiental, alegando que o Ibama estaria dificultando o processo.
Além disso, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, cobrou explicações do Ibama sobre a demora na decisão.
Durante a entrevista, Marina Silva garantiu que não pretende deixar o governo e minimizou rumores de isolamento dentro da administração Lula. Ela destacou que já enfrentou situações semelhantes no passado e reforçou seu compromisso com a agenda ambiental.
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Defesa do governo Lula
Marina aproveitou a entrevista para elogiar ações do governo Lula, destacando avanços em áreas como economia, saúde, defesa do clima, direitos das mulheres e combate à pobreza.
“O problema é que vivemos um momento, usando uma linguagem da minha região, de esculhambação mesmo na política econômica, social, ambiental, e fazer o básico parece que é falta de rumo”, declarou, em crítica indireta ao governo de Jair Bolsonaro.
“Falta de rumo é querer, depois de tudo que aconteceu na ditadura militar, reeditar uma ditadura em pleno século 21, fazer um plano para matar o presidente da República, o ministro do Supremo, o vice-presidente”, acrescentou.
A ministra, que já disputou três eleições presidenciais, afirmou que não pretende concorrer novamente ao cargo. “Hoje eu quero continuar ajudando para que o projeto da frente ampla, de defesa da democracia, continue vitorioso”, disse.
Na avaliação de Marina, o desafio do Brasil agora é conciliar desenvolvimento econômico com preservação ambiental e inclusão social. “Se a gente olhar para o mundo hoje, não há uma grande narrativa que nos agregue, como já foi a igualdade, a liberdade e a fraternidade”, analisou. “Tudo isso teve o seu momento, mas hoje a gente vive a necessidade de outras respostas, agregando os ganhos históricos dessas contribuições”, concluiu.