O senador Chico Rodrigues (PSB-RR) embarca, na noite desta quinta-feira (25), para Caracas (Venezuela), onde acompanhará de perto as eleições presidenciais no país, marcadas para domingo (28) e cercadas de grande expectativa e receio por parte da comunidade internacional.
Rodrigues é o único parlamentar brasileiro que obteve autorização do regime do presidente Nicolás Maduro, da Venezuela, para acompanhar o pleito no país vizinho. As despesas da viagem serão integralmente pagas pelo governo venuzuelano.
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“Não posso julgar o regime deles, porque não vivo lá. Na verdade, tudo funciona. O Judiciário, a economia, as instituições funcionam… A oposição reclama da falta de liberdade, alguns falam em comunismo. Sou contra esse conceito. Acho que o regime luta para permanecer no comando do país”, afirmou Rodrigues, em entrevista ao blog da jornalista Malu Gaspar, em O Globo.
O senador preside o Grupo Parlamentar Brasil-Venezuela e se aproximou do regime de Maduro, principalmente, por ser representante do estado de Roraima – que vende para os venezuelanos mais de 62% de suas exportações.
Nos últimos 5 anos, do total de US$ 1,5 bilhão exportados por Roraima, US$ 937 milhões foram destinados para a Venezuela, especialmente alimentos como arroz, feijão, soja e milho.
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Atualmente no PSB, que integra a base de apoio ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Chico Rodrigues foi vice-líder do governo de Jair Bolsonaro (PL) no Senado, quando estava no União Brasil – ele tem passagens por outros 10 partidos políticos em sua longa trajetória.
Rodrigues também foi deputado federal, governador e vice-governador de Roraima.
“Banho de sangue”
Questionado sobre as declarações de Maduro de que, caso não seja reeleito, pode haver um “banho de sangue” na Venezuela – repudiadas pelo próprio Lula, aliado histórico do governo chavista –, Rodrigues prefere se abster de fazer qualquer comentário.
“Eu não posso analisar, não sei em qual contexto o presidente Maduro falou isso. Eu acredito que o presidente não poderia ser capaz de imaginar uma situação dessas. Nenhum país do mundo, num regime mais duro que seja, não pensa nisso. A política é a convivência dos contrários, e não a exclusão dos contrários”, disse o senador.
O parlamentar afirmou, ainda, que não está indo para a Venezuela “para passear”.
“Espero que, na programação, conste a verificação do deslocamento de eleitores, ida a seções eleitorais e o acompanhamento da condução de todo o processo”, afirmou Rodrigues.
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“Os relatos que tenho recebido são da imprensa. O mundo inteiro sabe das dificuldades dessa eleição e da disputa entre o governo e a oposição. Como o presidente Maduro está há muitos anos no poder, a oposição quer entrar. Quem está dentro não quer sair. Quem está fora quer entrar. Essas dificuldades são inerentes à expectativa de cada grupo”, diz.
“Independentemente de qual seja o resultado, que os dois lados reconheçam o resultado expresso pela vontade popular dos venezuelanos”, conclui Rodrigues.
Maduro, que governa a Venezuela desde 2013, é candidato a um novo mandato. As pesquisas dos principais institutos apontam que ele seria derrotado pelo candidato da oposição, Edmundo González Urrutía.