SÃO PAULO – 2015 está chegando ao fim e nesta época pipocam as retrospectivas com tudo o que ocorreu de mais importante no ano. Como não podia deixar de ser, a Bolsa teve um ano bastante agitado, principalmente no noticiário político, que foi agitado por pedido de impeachment, troca de ministro, mudança de meta fiscal e uma briga eterna entre o governo e sua própria base rebelde.
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Na parte econômica, foi o ano em que os Estados Unidos finalmente cumpriram a promessa e subiram suas taxas de juros pela primeira vez desde 2006. Foi também um ano de forte contração econômica no Brasil e da piora de diversos indicadores econômicos, mas conseguimos, pelo menos, escapar de uma crise: a da água. A atividade foi tão fraca que não tivemos racionamento de energia, como se esperava no começo do ano.
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Veja os 10 pregões que marcaram 2015 na Bovespa:
10º) 23 de julho: Mudança da meta fiscal
Joaquim Levy era conhecido pela capacidade de cortar gastos, então o mercado comprou com otimismo o anúncio da meta de superávit primário de 2015 em 1,2% do PIB (Produto Interno Bruto). No entanto, uma série de resultados fiscais negativos ao longo do ano acabaram deixando essa meta cada vez menos factível. Até que na noite do dia 22 de julho, após o pregão, Levy anunciou a mudança da meta para 0,15% do PIB. A decisão veio como um balde de água fria para o mercado, que caiu bastante no pregão seguinte.
Desempenho do Ibovespa: -2,18%
9º) 19 de janeiro: Apagão: o retorno
Que o Brasil vive uma crise hídrica que atinge tanto os sistemas de abastecimento de água quanto os reservatórios de usinas hidrelétricas todo mundo sabia, mas poucos esperavam pelo apagão que ocorreu em janeiro deste ano. As quedas de energia atingiram 11 estados mais o Distrito Federal. Segundo o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, o apagão que atingiu as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste foi causado por um problema técnico em uma linha de transmissão de Furnas, que faz a ligação Norte-Sul da rede da companhia administrada pelo Grupo Eletrobras (ELET3; ELET6). Durante muito tempo, investidores ficaram preocupados que a situação levasse a um racionamento de energia no ano, o que causaria uma retração ainda maior no PIB, contudo, a fraqueza da economia, a melhora nos níveis das chuvas e o aumento das tarifas de energia elétrica ajudou a tirar um pouco da pressão sobre as geradoras.
Desempenho do Ibovespa: -2,57%
8º) 22 de abril: Balanço da Petrobras
As ações da Petrobras (PETR3; PETR4) desabaram na Bolsa depois da saída da ex-presidente da estatal, Maria das Graças Foster, que deu lugar a Aldemir Bendine. No entanto, foi sob a gestão deste que, após meses de novela por conta dos desdobramentos da Operação Lava Jato, o balanço auditado do ano de 2014 da petroleira foi divulgado no dia 22 de abril, mostrando um cenário nada positivo para a empresa no ano passado. As perdas por fraudes, superfaturamentos e corrupção em geral ficaram em R$ 6 bilhões, enquanto as perdas por impairment (reavaliação de ativos) ficaram em R$ 44 bilhões. Com isso, a companhia registrou o maior prejuízo nominal de uma companhia de capital aberto brasileira na série histórica. Foram R$ 21 bilhões de prejuízo líquido anual.
Desempenho do Ibovespa: +1,59%
7º) 3 de dezembro: Cunha abre pedido de impeachment
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) decidiu aceitar a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na noite do dia 2 de dezembro após a notícia de que os deputados petistas na Comissão de Ética da Câmara não iriam votar pela sua permanência no processo de cassação. “Não faço isso por motivação política e rejeitaria se estivesse de acordo com a lei”, afirmou Cunha sobre o impedimento. Seja como for, a resposta do mercado foi positiva, uma das maiores altas do ano.
Desempenho do Ibovespa: +3,29%
6º) 3 de novembro: Hypermarcas ou por que a Bolsa subiu tanto?
A Hypermarcas anunciou a venda da sua divisão de cosméticos para a Coty por R$ 3,8 bilhões e o anúncio fez com que um gigantesco fluxo de capital estrangeiro viesse para o nosso mercado. Resultado: a Bolsa teve a sua maior alta de 2015. “A frase que eu venho ouvindo é ‘don’t waste the good prices’. A crise dá oportunidade e os estrangeiros posicionados em dólar acham que o Brasil está barato. Mais importante que o fluxo estrangeiro eu acho que é a impressão que fica da operação da Hypermarcas. Os investidores lá fora ligaram a luz amarela para entrar com força compradora no Brasil”, explicou o diretor de operações da Mirae Asset, Pablo Spyer.
Desempenho do Ibovespa: +4,76%
5º) Nelson Barbosa é o novo ministro da Fazenda
Primeiro eram as notícias de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, seria substituído pelo ministro do Planejamento,Nelson Barbosa, que derrubaram o mercado. Depois foi a confirmação. Para o economista da Leme Investimentos, João Pedro Brugger, as empresas expostas ao governo como Petrobras e Banco do Brasil sofreram com o medo de uma volta da nova Matriz Econômica e uma perda da responsabilidade fiscal na gestão Barbosa.
Desempenho do Ibovespa: -2,98%
4º) 11 de setembro: O rebaixamento pela S&P
Embora amplamente precificado pelo mercado, o rebaixamento do Brasil de BBB- para BB+ pela agência classificadora de risco Standard & Poor’s foi importante porque significou a perda do grau de investimento pelo Brasil. Depois do rebaixamento, o mercado ficou à espera de uma divulgação concreta de cortes de gastos depois do Brasil ter seu rating soberano rebaixado pela agência de classificação de risco, S&P. No entanto, a coletiva de imprensa com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, acabou decepcionando os investidores por não trazer medidas claras. Levy voltou a falar da necessidade de aumento de impostos.
Desempenho do Ibovespa: -0,22%
3º) 25 de maio: A gripe de Joaquim Levy
Quando o governo anunciou o contingenciamento de R$ 69,9 bilhões para o Orçamento dentro do horizonte do ajuste fiscal, a ausência de Levy gerou suspeitas de que pelo número estar abaixo do que ele queria, um valor entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões, o ministro estivesse brigado com o governo e pensando em sair. As especulações causaram um furor que derrubou o Ibovespa em 22 de maio. A Bolsa só voltou a subir quando Levy tranquilizou os investidores afirmando que só faltou ao evento porque estava gripado: “Não tinha divergência, não tinha nada. Houve um certo alvoroço em cima dessa história, não entendi o porquê, mas é dado direito a todo mundo se alvoroçar”, comentou o ex-ministro da Fazenda. Esta não foi a primeira vez que uma especulação sobre a saída de Leby provocou uma queda da Bolsa, mas foi com certeza a mais emblemática de como a sua presença no Ministério era importante para ancorar as expectativas do mercado.
Desempenho do Ibovespa: +0,43%
2º) 16 de dezembro: Brasil perde o grau de investimento e EUA sobem juros
O Fomc (Federal Open Market Committee) elevou as taxas de juros dos Estados Unidos da banda de 0% a 0,25% ao ano para 0,25% a 0,50% em votação unânime. Se o primeiro aumento de juros da maior economia do mundo desde 2006 não é motivo o bastante para um pregão ser o segundo mais importante do ano, que tal o segundo rebaixamento do Brasil abaixo do investment grade, desta vez pela Fitch. E, que tal, esse ser também o dia em que ficaram mais fortes os rumores de saída de Levy. O dia 16 realmente foi um para lembrar para os investidores.
Desempenho do Ibovespa: +0,32%
1º) 24 de agosto: a Black Monday
Na mínima do dia, o Ibovespa chegou a cair “apenas” 6,5%, foi só com muita recuperação pela tarde que a Bolsa “conseguiu” fechar em queda de 3%. A sessão marcou o dia em que a bolsa voltou ao seu menor fechamento desde 2009, no meio da crise do subprime. Tudo motivado pela falta de uma indicação de que a China conteria as desvalorizações do yuan e a desaceleração da economia com estímulos após o “sell-off” do pregão anterior, que produziu um dia de pânico nos mercados. As cotações de commodities recuaram às mínimas em 16 anos e a bolsa da China caiu nada menos do que 8,5%.
Desempenho do Ibovespa: -3,03%