SÃO PAULO – O ano de 2016 começou como 2015 terminou na Bovespa, com o principal índice acionário fechando em queda de 2,79%, a 42.141 pontos nesta segunda-feira (4), com volume financeiro de R$ 5,11 bilhões. Com o desempenho ruim dessa sessão, o benchmark da bolsa brasileira bateu seu menor nível desde abril de 2009. O desempenho do Ibovespa seguiu o pânico global por conta da China depois de novos dados abaixo das expectativas na segunda maior economia do mundo.
A bolsa chinesa despencou 7%, enquanto os índices europeus recuaram entre 2% e 4,3% e os norte-americanos Dow Jones e S&P 500 caem mais de 2%. No noticiário doméstico, as previsões do Relatório Focus mostram mais um ano de forte retração da economia, enquanto o Citi prevê que a atividade brasileira recue 2,4% em 2016 e que a inflação atinja 8,4%. Vale lembrar que o dia também marcou a primeira sessão de negociação da nova carteira do Ibovespa, com 61 ativos. O dólar comercial, por sua vez, fechou em alta de 2,18% a R$ 4,0316 na compra e a R$ 4,0339 na venda, enquanto o dólar futuro para fevereiro sobe 1,84% a R$ 4,072. No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2017 recua 10 pontos-base a 15,77%, ao passo que o DI para janeiro de 2021 tem queda de 3 pontos-base a 16,59%.
Para o estrategista da Sonar, André Delben Silva, o dia hoje é de aversão a risco por conta de mais uma prova do esgotamento do modelo de crescimento chinês. “Esta queda é mais um capítulo nesse ciclo de desaceleração da China. A mudança do modelo de investimento e exportação para o consumo interno não é fácil. Esta transição foi e voltou nos últimos anos porque o governo sempre dá mais estímulos quando a economia piora e abandona o remédio amargo”. Na sua avaliação, a China é um forte candidato a ser a maior fonte de problemas para o mercado em 2016, especialmente por conta do alto grau de endividamento das empresas do país.
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Noticiário político
No cenário político, foi sancionada pela presidente Dilma Rousseff a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2016 com veto ao reajuste do Bolsa Família. Dilma ainda sancionou a Medida Provisória 690, que dispõe sobre a incidência do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre bebidas quentes, como vinho e destilados, convertida agora na Lei 13.241.
Também ficam no radar as falas do ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, que saiu em defesa da presidente Dilma e disse que o impeachment não sobreviverá aos primeiros testes e que baixa popularidade não justifica impedimento.
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Indicadores
A indústria brasileira marcou em dezembro seu 11º mês seguido de contração, com queda no volume de produção e de novos pedidos, mostrou o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) nesta segunda-feira. O Markit informou que o PMI da indústria nacional ficou em 45,6 em dezembro, ante 43,8 em novembro, quando atingiu a pior marca em cerca de seis anos e meio. Apesar da ligeira melhora, o índice ficou abaixo da marca de 50 que separa retração de crescimento em todos os meses de 2015, exceto em janeiro, quando a leitura foi de 50,7.
Já na Balança Comercial, os dados foram positivos. O MDIC (Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio) informou que o resultado da balança comercial de 2015, superavitário em US$ 19,681 bilhões é o melhor desde 2011, quando o saldo comercial brasileiro foi de US$ 29,793 bilhões. O ministério revisou os dados dos últimos cinco anos e apresentou nova tabela à imprensa nesta segunda. O saldo comercial de dezembro, de US$ 6,240 bilhões, foi o melhor de todos os meses da série histórica, iniciada em 1989.
Também tinha algum peso por aqui o Relatório Focus, com a mediana das projeções de diversos economistas, casas de análise e instituições financeiras para os principais indicadores macroeconômicos. A previsão para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2016 oscilou de uma retração de 2,81% para uma de 2,95%. Já no caso do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é o medidor oficial de inflação utilizado pelo governo, as projeções são de que haja um avanço de 10,72% em 2015 e de 6,87% este ano.
Ações em destaque
As ações da Vale (VALE3, R$ 12,69, -2,61%; VALE5, R$ 10,00, -2,44%) caíram forte mesmo com uma alta do minério de ferro. A commodity spot com entrega no porto de Qingdao teve alta de 1,8% a US$ 44,37. Os papéis da companhia são influenciados pela fraqueza da China, já que, mais uma vez, o país demonstra uma expressiva desaceleração no seu crescimento.
Entre as quatro altas dentro do índice, destaque para as ações da Petrobras (PETR3, R$ 8,67, +1,17%; PETR4, R$ 6,87, +2,54%), que registra ganhos em meio a tensões no Oriente Médio. O barril do WTI (West Texas Intermediate), depois de disparar pela manhã, tem leve queda de 0,11% a US$ 37,00. Já o barril do Brent, usado como referência pela nossa petroleira tem leve variação negativa de 0,16% a US$ 37,61.
As maiores baixas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:
Cód. | Ativo | Cot R$ | % Dia | % Ano | Vol1 |
---|---|---|---|---|---|
KLBN11 | KLABIN S/A UNT N2 | 21,94 | -6,44 | -6,44 | 97,00M |
ENBR3 | ENERGIAS BR ON EJ | 11,27 | -6,40 | -6,40 | 18,33M |
HGTX3 | CIA HERING ON | 14,25 | -6,31 | -6,31 | 5,04M |
ECOR3 | ECORODOVIAS ON | 4,77 | -6,29 | -6,29 | 13,74M |
BBSE3 | BBSEGURIDADE ON | 22,83 | -6,17 | -6,17 | 151,70M |
As maiores altas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:
Cód. | Ativo | Cot R$ | % Dia | % Ano | Vol1 |
---|---|---|---|---|---|
PETR4 | PETROBRAS PN | 6,87 | +2,54 | +2,54 | 314,45M |
SMLE3 | SMILES ON | 35,24 | +1,26 | +1,26 | 62,19M |
PETR3 | PETROBRAS ON | 8,67 | +1,17 | +1,17 | 147,10M |
NATU3 | NATURA ON | 23,71 | +0,94 | +0,94 | 25,44M |
As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram :
Código | Ativo | Cot R$ | Var % | Vol1 | Vol 30d1 | Neg |
---|---|---|---|---|---|---|
ITUB4 | ITAUUNIBANCO PN ED | 25,13 | -4,50 | 589,07M | 462,36M | 30.835 |
PETR4 | PETROBRAS PN | 6,87 | +2,54 | 314,45M | 311,65M | 24.013 |
ABEV3 | AMBEV S/A ON EJ | 17,21 | -3,59 | 229,13M | 209,82M | 33.912 |
BRFS3 | BRF SA ON EDJ | 54,22 | -1,04 | 217,09M | 159,80M | 16.133 |
BBDC4 | BRADESCO PN ES | 19,00 | -1,45 | 204,15M | 271,85M | 24.056 |
CIEL3 | CIELO ON | 32,21 | -4,11 | 196,29M | 157,82M | 18.118 |
ITSA4 | ITAUSA PN | 6,60 | -4,07 | 152,02M | 139,62M | 20.731 |
BBSE3 | BBSEGURIDADE ON | 22,83 | -6,17 | 151,70M | 116,93M | 21.064 |
VALE5 | VALE PNA | 10,00 | -2,44 | 149,20M | 201,42M | 30.398 |
PETR3 | PETROBRAS ON | 8,67 | +1,17 | 147,10M | 122,76M | 19.666 |
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
Cenário externo
As bolsas chinesas iniciaram 2016 com uma forte queda, de quase 7%, e também inauguraram o mecanismo de “circuit breaker”, destinado a restringir a volatilidade. Ações e metais caíram e o dólar subiu na 1º sessão de 2016 com PMI mostrando contração na China e tensão entre sauditas e iranianos no Oriente Médio gerando aversão ao risco.
Xangai fechou em queda de 6,86% com as pesquisas da atividade industrial fraca e com a queda do iuan aumentando as preocupações sobre a economia em dificuldade, forçando as bolsas a suspenderem as operações pela primeira vez. O PMI Caixin chinês divulgado neste domingo ficou em 48,2 pontos, ante estimativas de 48,9 pontos e indicador anterior de 48,6 pontos.
Além disso, o Banco Central da China fixou a cotação do yuan frente ao dólar hoje em 6,5032, enfraquecendo a moeda chinesa ante a última cotação, de 6,4936, e levando o yuan ao nível mais baixo frente à moeda americana desde 2011.
Além da China, as atenções se voltam para as tensões no Oriente Médio. A Arábia Saudita cortou relações diplomáticas com o Irã após a execução de um líder religioso xiita. O ministro dos Negócios Estrangeiros saudita, Adel Al Jubeir, disse que os diplomatas iranianos tinham 48 horas para deixar o país. O líder supremo do Irã afirmou que a Arábia Saudita enfrentaria “rápidas consequências” pela execução do clérigo. Os sauditas ainda disseram que cortarão voos e relações comerciais com os iranianos.
O dia também foi de queda na Europa, reagindo à China e ao Oriente Médio, com o alemão DAX em queda de 4,28% e o francês CAC 40 em baixa de 2,48%. Entre os dados econômicos do continente, o PMI do setor industrial da zona do euro subiu para 53,2 em dezembro, de 52,8 em novembro, atingindo o maior nível desde abril de 2014, segundo dados finais publicados hoje pela Markit Economics. O número do mês passado veio um pouco acima da expectativa de analistas consultados pela Dow Jones Newswires, que previam avanço do indicador a 53,1, repetindo o resultado da prévia de dezembro. O avanço acima da marca de 50,0 indica que a atividade no bloco está se expandindo em ritmo mais forte.