SÃO PAULO – Em um cenário de aumento da expectativa de vida e de mudanças na estrutura previdenciária do país, especialistas apontam que o brasileiro precisará, desde cedo, pensar em formas de complementar a renda para viver bem no futuro.
A probabilidade de sobrevivência entre os 60 e 80 anos no país aumentou 74% em quatro décadas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 1980, de cada mil brasileiros que chegavam aos 60 anos, 344 atingiam os 80 anos de idade. Em 2018, este montante passou para 599 indivíduos.
O envelhecimento da população foi um dos argumentos utilizados pelos setores defensores da Reforma da Previdência, aprovada em 2019, que, entre as mudanças, fixou a idade mínima para se aposentar em 65 anos para homens e em 62 anos, para mulheres.
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A mudança no estilo de vida, conforme Lauro Araújo, economista e especialista financeiro, exige das pessoas, sobretudo da classe média, uma maior preocupação nas finanças após a aposentadoria.
Lauro Araújo, economista e especialista financeiro responsável pela planilha do InfoMoney para o planejamento da aposentadoria (faça o cadastro abaixo para recebê-la gratuitamente), diz que há grande chances de as pessoas reduzirem a qualidade de vida por não conseguirem ter dinheiro suficiente para continuar sendo ativas.
“O idoso que faz planos vive mais e melhor. Para isso, ele precisa de dinheiro e por isso é importante reservar o quanto antes, pois, depois das reformas, as pessoas terão menos aposentadoria do governo e, se não procurarem complementar seus recursos, irão aposentar mal”.
Diante do cenário, Viviane Ferreira, planejadora financeira com certificação CFP da Planejar, ressalta ainda que a tendência nos próximos anos é que o Brasil, onde o teto dos benefícios do INSS é de R$ 6.101,06, siga os passos dos Estados Unidos, em que o teto é de um salário mínimo – sendo a aposentadoria um recurso voltado para a população carente.
A taxa básica de juros baixa ainda é apontada por Viviane como outro fator que obrigará as pessoas a destinar parte dos seus recursos em investimentos.
“As pessoas deveriam se conscientizar que pelo menos 10% da sua renda deveria ser utilizada em investimentos para aposentadoria. Quanto mais cedo aprenderem, mais tempo elas terão para fazer o dinheiro render e criar um montante suficiente para sua independência financeira. É preciso que as pessoas percam o medo de investir e se tornem protagonistas da sua vida financeira, abram uma conta numa corretora façam uma aplicação e resgate, pra ver quais tipos de produto mais se aplicam ao seu desejo” aconselha.
Em meio às reflexões causadas pelo novo contexto, Araújo acredita que as pessoas estão mais interessadas em educação financeira e em realizar aplicações para garantir uma boa reserva no futuro. Um dos fatores, aponta, é o reconhecimento da realidade a partir da vivência com familiares, que por não se planejarem financeiramente não conseguem manter a mesma qualidade de vida com a renda do benefício.
“O brasileiro acordou para essa questão. Hoje eu vejo nas redes sociais muitos comentários a respeito de educação financeira por conta da difusão da informação e outra parte por não querer repetir os erros da geração passada”, afirma.
Quando começar?
Se planejar financeiramente desde cedo, além de ser mais eficiente, sai também mais barato.
Numa simulação de quanto uma pessoa precisaria poupar mensalmente para conseguir uma renda mensal extra de R$ 8 mil, com um aumento salarial em torno de 2% ao ano ao longo da vida, a porcentagem de reserva que deve ser feita para garantir esse objetivo varia a depender de qual idade o indivíduo começou a poupar.
Considerando uma pessoa com 20 anos que recebe R$ 2 mil por mês e que começou a poupar nesta fase da vida, o economista estimou que, aos 65 anos, com retorno de 5% acima da inflação desde o início da sua aplicação, teria mais de R$ 1 milhão em reservas – conseguindo viver com o benefício do INSS mais a renda mensal extra até os 90 anos de idade.
Idade | Objetivo | Quanto deve poupar por mês (% do salário) |
20 anos | Aposentadoria do INSS de R$ 2500 + Complemento de R$ 8000 mensais | 12,25% |
30 anos | Aposentadoria do INSS de R$ 2500 + Complemento de R$ 8000 mensais | 15,92% |
40 anos | Aposentadoria do INSS de R$ 2500 + Complemento de R$ 8000 mensais | 21,03% |
Idade | Quanto deve poupar para a aposentadoria | Quanto deve poupar por mês (% do salário) |
20 anos | guardar 12,25% de tudo o que ganha | 12,25% |
30 anos | Deve ter o equivalente a 15 salários poupados | 12,25% |
40 anos | Deve ter o equivalente a 31 salários poupados | 12,25% |
50 anos | Deve ter o equivalente a 49 salários poupados | 12,25% |
60 anos | Deve ter o equivalente a 74 salários poupados | 12,25% |
Exemplo de quanto se deve guardar por mês e quanto deve ter de saldo para se aposentar considerando o objetivo da simulação e suas variações, começando aos 20 anos:
Idade | Salário mensal (descontando impostos) | Quanto deve guardar por mês seguindo a simulação | Valor poupado para a aposentadoria* |
20 anos | R$ 2.000 | R$ 244,99 | R$ 3.006,66 |
30 anos | R$4.032,59 | R$ 493,97 | R$ 63.933,71 |
40 anos | R$ 6.346,44 | R$ 777,41 | R$ 200.473,83 |
65 anos (quando se aposentar) | R$ 15.00,00 | R$ 1.837,42 | R$ 1.383,751,00 |
Aos 30:
Idade | Salário mensal (descontando impostos) | Quanto deve guardar por mês seguindo a simulação | Valor poupado para a aposentadoria* |
30 anos | R$4.032,59 | R$ 642,10 | R$7.880,22 |
40 anos | R$ 6.346,44 | R$ 1.010,53 | R$ 138.055,82 |
65 anos (quando se aposentar) | R$ 15.00,00 | R$ 2.388,41 | R$ 1.383,751,00 |
Na simulação aos 40 anos, a pessoa só conseguiria atingir o valor desejado de reserva mensal aos 67 anos:
Idade | Salário mensal (descontando impostos) | Quanto deve guardar por mês seguindo a simulação | Valor poupado para a aposentadoria* |
40 anos | R$ 6.346,44 | R$ 1.334,56 | R$ 16.378,49 |
67 anos (quando se aposentar) | R$ 15.00,00 | R$ 3.154,27 |
R$ 1.383,751,00 |
*simulações feitas pelo planejador Lauro Araújo a pedido do InfoMoney
O economista avalia que, em se tratando de investimentos, o tempo e o ciclo econômico são duas variáveis fundamentais para se atingir uma melhor rentabilidade das aplicações.
“Nos investimentos, o tempo é o seu melhor amigo porque é o juros sobre juros que vai fazer seu dinheiro render. Para o futuro é difícil saber qual o ciclo a economia está passando, mas quando se tem tempo, o investidor pode esperar esses ciclos acontecerem e fazer uma escolha de investimento mais correta “.
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