Ter um pé-de-meia para situações de emergência é a atitude mais recomendada por planejadores financeiros, mas nem todos os brasileiros estão conseguindo atingir essa meta. É o que revela pesquisa realizada pelo DataFolha.
O levantamento mostra que 67% dos brasileiros não têm nenhuma reserva financeira para imprevistos. Ainda segundo o estudo, apenas 6% afirmam ter poupança para garantir o mesmo padrão de vida por mais de um ano.
De acordo com o levantamento, 10% das pessoas têm reserva para menos de 3 meses, mesmo percentual de brasileiros que têm algum valor guardado para pagar as contas no período de 3 a 6 meses.
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Para Fabrício Gonçalvez, CEO da gestora Box Asset, é alarmante que a maioria dos brasileiros não tenha reservas financeiras significativas para lidar com contratempos.“A pesquisa reforça a preocupação com a desigualdade de renda no Brasil. É essencial abordar questões estruturais para criar oportunidades mais equitativas e garantir uma distribuição mais justa de recursos”, diz.
Reserva de emergência
Tem reserva? Ela seria suficiente para pagar contas e manter padrão por quanto tempo? Em %
Menos de 3 meses | 10% |
Entre 3 a 6 meses | 10% |
Entre 6 meses e 1 ano | 6% |
Por mais de 1 ano | 6% |
Não tem reserva | 67% |
Fonte: DataFolha
Reserva de emergência
Nayra Sombra, sócia da HCI Invest e planejadora financeira CFP pela Planejar, explica que a reserva de emergência é o primeiro investimento que deveria ser feito pelos trabalhadores.
O seu objetivo, diz ela, é manter a renda em momentos em que a despesa fica maior que a receita – pode ser a perda do emprego, o conserto do carro, um encanamento que precisa ser trocado, por exemplo.
“Quando não há uma reserva financeira para imprevistos, ou seja, quando tudo que é recebido é gasto no mesmo mês, caso algo fuja do nosso controle e as despesas aumentem, será necessário recorrer a amigos e familiares ou fazer um empréstimo que comprometerá parte da renda futura”, comenta.
De acordo com ela, o indicado é que a reserva seja de pelo menos 6 vezes o valor das despesas fixas para quem tem carteira registrada e de 12 vezes para quem é autônomo.
“A reserva de emergência deve ser aplicada em investimentos com baixo risco e alta liquidez, ou seja, não pode correr risco de perder o principal investido e deve ser resgatado a qualquer momento”, ensina Nayara ao lembrar que um dos investimentos mais utilizados pelo brasileiro é a poupança.
“Entretanto, ela rende pouco e os juros são pagos mensalmente [quem não fica atento à data de aniversário antes de resgatar, pode perder a rentabilidade do período]”, diz.
A especialista avalia que os instrumentos mais indicados são CDB’s com liquidez diária pagando acima de 100% do CDI; LCA ou LCI também com liquidez diária pagando acima de 77,5% do CDI (por ter isenção de IR, paga menos que o CDB), Tesouro Selic ou ainda fundos de investimentos simples, mas ela ressalta que é importante se atentar à taxa de administração, que não pode ultrapassar 0,5% a.a.
Pensando no futuro
Além de não ter reserva financeira para emergências, o brasileiro também não está se preparando financeiramente para a velhice. De acordo com o levantamento, 52% contribuem para o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Além disso, só 13% têm algum plano de previdência privada, conforme a pesquisa de dezembro deste ano, percentual um pouco maior do que o observado em abril de 2019, quando 11% tinham previdência privada.
Por outro lado, houve, nos últimos 5 anos, redução no total de brasileiros que de alguma maneira se prepara para a aposentadoria, caindo de 12% para 8%.
E 36% dos brasileiros declaram aplicar dinheiro em caderneta de poupança ou em algum outro tipo de investimento neste ano contra 39% da pesquisa anterior. “A pesquisa traz à tona uma vulnerabilidade significativa da população a imprevistos financeiros e um futuro incerto na aposentadoria”, afirma Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos.
Ele considera que o resultado reflete o imediatismo dos brasileiros. “Contudo, boa parte da culpa disso vem da educação brasileira, que não prepara o cidadão para lidar com o dinheiro”, enfatiza.
Gonçalvez concorda que a educação financeira pode ser crucial para incentivar investimentos em aposentadoria. “A baixa adesão à previdência privada indica falta de consciência sobre a necessidade de complementar a aposentadoria.”
Investimentos e preparação para aposentadoria
Resposta estimulada e única, em % (respostas afirmativas)
Abril/19 | Dezembro/23 | |
Contribui com INSS e Previdência Social | 52% | 52% |
Aplica dinheiro na poupança ou outro investimento | 39% | 36% |
Tem plano de previdência privada | 11% | 13% |
Se prepara para aposentadoria de alguma maneira | 12% | 8% |
Fonte: DataFolha
O levantamento do Datafolha foi realizada em 5 de dezembro em 135 municípios com 2.004 pessoas ouvidas.