A hiperinflação, que forçou o Brasil a entender o funcionamento de uma moeda, ajudou o país a ganhar a dianteira na criação de tecnologias associadas aos meios de pagamento, como o Pix, o mais popular das ferramentas e modelo para outros países.
Esta é a análise do ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, o responsável por encerrar o primeiro dia de debates do “Finance of Tomorrow”, evento realizado no Rio de Janeiro com os principais players da regulação financeira.
Franco diz que o Pix tem status de estatal, uma vez que a ferramenta está sob o controle do Banco Central. Mas, para o ex-comandante da autoridade monetária, nada impede que a tecnologia seja “privatizada”. “O Pix é uma estatal que, em algum momento, poderá ganhar um Brás no nome e ser privatizada. O problema é quem vai comprar”, afirmou. Já a moeda digital, chamada de Drex no Brasil, para Franco, deve se aproximar mais do que era o dinheiro no passado, quando a moeda física precisava de lastro.
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No caso brasileiro, acredita, pode favorecer a abertura da economia, que segue muito fechada e é um dos entraves para o crescimento do país. “A regulação aponta que a moeda digital precisa ter lastro na moeda física, como era antes. O passado do dinheiro ensina muito sobre seu futuro”, declarou o economista, referindo-se ao padrão ouro.
Participante do mesmo painel, o ex-ministro da Fazenda, Gustavo Malan, concordou em relação à abertura da economia como fator de crescimento. Segundo ele, “reduzir a distância tecnológica que existe com o mundo desenvolvido” é uma estratégia conhecida, adotada por países como França e Alemanha, no século 19, e pelos asiáticos, no século 20. Mas precisa ser acompanhada de ações na educação e inovação”, disse.
“O motor do crescimento é o desenvolvimento tecnológico. Mas é preciso colocar a qualidade educacional como valor das famílias, a inovação em ciência e tecnologia e a interação com o resto do mundo. É uma tríade que exige trabalho de gerações”, completou.