Os juros futuros fecharam a quinta-feira (1) em queda até os vencimentos intermediários, enquanto os longos subiram, com ganho da inclinação para a curva. A reação ao comunicado do Copom deu o tom principalmente na primeira etapa dos negócios, mas depois o aumento da cautela vinda do ambiente externo foi prevalecendo, com piora na percepção de risco geopolítico, somada a dados abaixo do esperado da economia dos EUA, que referendaram o sinal do Federal Reserve de queda de juros em setembro.
No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 caía de 10,724% para 10,700% (máxima) e a do DI para janeiro de 2026, de 11,62% para 11,56%. A taxa do DI para janeiro de 2027 recuava a 11,81%, de 11,84%, e a do DI para janeiro de 2029 subia de 11,98% para 12,02%.
O giro de contratos foi expressivo, especialmente no trecho curto, refletindo os ajustes nas apostas para a Selic nos próximos meses, pela leitura do comunicado do Copom. Na Pesquisa do Projeções Broadcast, 39 de 43 casas preveem que a Selic deve permanecer em 10,50% até o fim de 2024. Nas demais quatro, duas estimam taxa em 10,25% e duas em 10,00%. Na curva, a precificação de aumento da taxa básica perdeu força, mas os DIs seguem apontado nível acima de 11% no encerramento do ano.
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No texto, o Copom atualiza o balanço de riscos para a inflação, destacando a desancoragem das expectativas por período mais prolongado, maior resiliência da inflação de serviços e o risco vindo do câmbio. Pelo lado baixista, cita o de desaceleração da atividade econômica global e os impactos do aperto monetário sobre a desinflação global.
Parte do mercado esperava um tom mais “hawkish” e até um sinal mais claro sobre a possibilidade de subir os juros, o que os diretores evitaram fazer dadas as grandes incertezas do cenário.
“Apesar do esperado endurecimento do tom do Copom, não há sinalização de um novo ciclo de alta, apesar de as portas não estarem fechadas. O Comitê buscou ganhar tempo para avaliar se as trajetórias das expectativas e do câmbio são temporárias ou mais persistentes”, afirma o estrategista-chefe da Warren Investimentos, Sérgio Goldenstein.
Destaca ainda que a projeção de inflação para o primeiro trimestre de 2026, no cenário de Selic constante, ficou em 3,2%, “o que é um desvio aceitável em relação à meta (3%) e não baliza um aperto monetário”.
Para o economista-chefe da Azimut Wealth Management, Gino Olivares, o Copom acertou no tom, sendo assertivo sobre a necessidade de vigilância à escalada dos riscos de alta, sem indicar aperto porque o cenário está muito aberto.
“Prefiro olhar o filme do que a foto. O Copom cortou a Selic em 0,5 ponto em março, depois reduziu a dose para 0,25 e depois manteve, conforme o cenário foi se deteriorando. É um processo que tem mesmo de ser gradual. O ritmo do Copom é diferente do ritmo do mercado, pois só poderá eventualmente corrigir a rota daqui a 45 dias. Não pode se precipitar”, afirma.
A ponta longa esteve em baixa pela manhã, mas menos pronunciada do que as demais, acompanhando o fechamento da curva dos Treasuries, por sua vez, conduzido por indicadores fracos da atividade nos EUA, que endossou a aposta de alívio monetário pelo Federal Reserve.
Posteriormente, os yields aceleraram as perdas, com a escalada das tensões no Oriente Médio, envolvendo Israel, Líbano e o Irã acentuando o temor sobre a atividade global. Na ponta longa doméstica, o efeito foi o contrário. Com o aumento da aversão ao risco, os juros passaram a subir e o dólar rompeu R$ 5,70.
A taxa da T-Note de dez anos furou os 4% pela primeira vez desde fevereiro, refletindo a busca pela segurança que também impulsionou o dólar contra moedas emergentes. Na Europa, os juros dos bônus britânicos também cederam, em reação ao corte de juros pelo Banco da Inglaterra (BoE).