Quem investe pensando em receber dividendos já sabe que alguns setores costumam distribuir mais proventos do que outros. Óleo e gás (onde estão as empresas de petróleo), bancos, energia e commodities (onde estão as mineradoras) sempre são lembrados quando se fala em distribuições a acionistas. Mas qual setor é de fato o principal pagador da Bolsa brasileira?
Para responder à pergunta, o InfoMoney pediu um levantamento para a Meu Dividendo. A plataforma de antecipação de proventos separou por setor todos os dividendos e juros sobre capital próprio distribuídos nos últimos cinco anos, desde janeiro de 2019. O valor total pago aos acionistas no período foi de R$ 1,23 trilhão.
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“Há uma concentração muito grande na distribuição de dividendos na Bolsa brasileira entre as blue chips (ações de empresas com maior valor de mercado), e deve continuar assim nos próximos anos”, diz Hayson Silva, analista da Nova Futura Investimentos.
Por conta dessa concentração, o setor de óleo e gás, liderado pela Petrobras (PETR3, PETR4), encabeça o ranking de dividendos. O setor financeiro vem logo atrás, com distribuições mais regulares, seguido de commodities, área puxada pela Vale (VALE3).
Renato Nobile, gestor e analista da Buena Vista Capital, explica que a B3 tem uma concentração grande de empresas de valor já estabelecidas em seus setores e que distribuem dividendos para atrair investidores. “O Brasil vai seguir a tendência de dividendos concentrados nesses setores, não vemos mudança para termos mais empresas de crescimento”, diz.
Veja os setores que mais pagaram dividendos nos últimos cinco anos:
Setor | Dividendos entre 23/jul/19 e 23/jul/24 (em R$ bi) |
Óleo e gás | 323,46 |
Financeiro | 286,88 |
Commodities | 239,92 |
Energia | 130,16 |
Consumo Cíclico | 68,77 |
Consumo não Cíclico | 43,49 |
Seguros | 40,80 |
Telecomunicações | 40,20 |
Bens Industriais | 26,54 |
Saúde | 18,35 |
Saneamento | 8,74 |
Agropecuária | 5,59 |
Tecnologia | 2,09 |
Educação | 0,24 |
Comunicações | 0,12 |
Total Geral | 1.235,12 |
Qual setor é melhor?
Apesar da liderança no ranking, o setor de óleo e gás (leia-se Petrobras) pode ser um pouco mais imprevisível. A política de preços da Petrobras não é das mais estáveis, apesar da confiança do mercado na manutenção com a nova CEO, Magda Chambriard. “Gostamos mais do setor financeiro pela qualidade das companhias; os bancos brasileiros estão entre os mais rentáveis do mundo há mais de dez anos e seus dividendos sofrem pouco impacto da variação do dólar e do petróleo”, argumenta Nobile.
“Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBAS3) conseguiram repassar custos e melhorar margens, mesmo com taxa de juros mais altas. É sempre bom ter essas ações na carteira para quem está pensando em dividendos”, comenta Silva.
Outro setor de destaque na lista é o de energia, que, apesar de não liderar o ranking, tem dividend yield (retorno com dividendos) atrativo e previsibilidade nos pagamentos. “Gostamos bastante, especialmente olhando para o futuro, com o crescimento da Inteligência Artificial e data centers, o Brasil é um dos principais países em energia e crescimento pode ser atrativo”, segundo Renato Nobile.
Mas os especialistas alertam que concentrar a carteira de dividendos em apenas um ou dois setores não é saudável. Hayson Silva explica que “temos uma dinâmica de rotação setorial, em um momento, um grupo de empresas vai performar bem, e depois, outro setor vai se destacar; por isto é sempre importante ficar de olho nos setores que podem se destacar”.
Um dos destaques que podem surpreender o mercado nos próximos anos é o setor de comunicação. “Estamos percebendo as empresas melhorando suas margens após o 5G; Tim (TIMS3) e Vivo (VIVT3) podem se destacar ainda mais a partir deste ano”, analisa Silva.
Outro setor que pode despontar com boas remunerações aos acionistas é o de saúde. “As empresas têm bases estáveis de receita e lucros, o que permite distribuições consistentes, já que operam em um setor essencial e relativamente resiliente, com uma demanda constante por serviços de saúde’, explica Hayson Silva. Para ele, o destaque do setor é a OdontoPrev (ODPV3) “devido à sua forte diversificação de produtos, previsibilidade de resultados e compromisso com práticas sustentáveis”.
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