O mercado acordou nervoso nesta segunda-feira (5), com o dólar subindo forte ante o real e bolsas em queda ao redor do mundo. Já entre os títulos do Tesouro Direto, o movimento foi de queda acentuada, dando sequência à tendência vista no fechamento de sexta-feira (2). Até que as negociações foram paralisadas.
A suspensão se deu por volta das 10h15 (horário de Brasília). “Muita gente negociando títulos, o próprio Tesouro, inclusive, então a pausa é até o cenário estar menos ‘confuso’. As taxas dos prefixados e dos híbridos são muito sensíveis a essas movimentações”, diz Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos.
Antes da paralisação, as taxas dos prefixados abriam em queda. O título de vencimento em 2027 recuava a 11,53%, o de 2031 ia a 11,97%, enquanto o de 2035 estava em 11,80% ao ano.
Na semana passada, a curva de juros prefixados registrou fechamento em toda sua extensão, principalmente em trechos curtos e intermediários, segundo o Itaú BBA. Os vértices entre 1 e 3 anos apresentaram fechamento médio de 0,42 p.p. nas taxas, enquanto nos mais longos o impacto médio foi de -0,35 p.p. no acumulado da semana.
O alívio que promoveu esse fechamento da curva brasileira veio do exterior, com a menor pressão de juros dos Estados Unidos, depois de o Federal Reserve (banco central dos EUA) sinalizar maiores chances de corte à frente. Para o BBA, no entanto, a situação não é fácil de ser analisada.
“Por um lado, a percepção de que o nível atual da taxa básica de juros por lá é suficientemente restritivo abre caminho para projetarmos que o juro de longo prazo deva ser mais baixo do que o até então vigente. Essa é a razão pela qual as taxas nos Estados Unidos cederam também em trechos intermediários e longos. Por outro lado, a possibilidade de que a maior economia global esteja indo em direção a uma recessão é fator que aumenta a aversão a risco e pode comprometer o fluxo para países emergentes”, diz o texto.
Lima, da Ouro Preto, ressalta que os títulos públicos demoram um pouco mais para responder o movimento do mercado global.
No Tesouro IPCA+, queda nos papéis com vencimentos em 2029, que ofereciam 6,08% de juro real ante 6,11% no fechamento de sexta. Já nos títulos de 2035 e 2040, leve alta de 5,99 para 6%, e de 6,17% para 6,19%, respectivamente, na primeira atualização do dia.
No acumulado da semana anterior, o movimento de queda custou um recuo médio de 0,45 p.p. às taxas dos papéis de vencimento de 2 a 3 anos, enquanto nos trechos mais longos da curva as taxas se estabilizaram em queda aproximada de 0,23 p.p., segundo dados do BBA.
Até às 11h50 (horário de Brasília), as negociações do Tesouro Direto continuavam paralisadas.