O corte de juros nos Estados Unidos em setembro é dado como certo pelo mercado financeiro, com a dúvida pairando sobre a intensidade, se será de 0,5 ou 0,25 ponto percentual. Na XP, a mudança de cenário inspira as primeiras mexidas nas recomendações de alocação.
A casa mudou a visão para a renda fixa global de positiva para neutra e aumentou o percentual recomendado de renda variável para todos os perfis de investimento.
No relatório assinado por Artur Wichmann, Rodrigo Sgavioli e Eduardo Melo, a XP destaca que o aumento nos preços dos títulos americanos, que é inversamente proporcional ao movimento das taxas, abre uma porta para ajuste na alocação, “deixando agora com a sugestão de uma exposição mais neutra”.
Na outra ponta, a expectativa de juros mais baixos tem impactado positivamente os prêmios de risco da renda variável global, segundo os especialistas da XP, o que permitiu o ajuste de exposição nessa classe de ativo.
“[Ficamos] um pouco menos sub alocados, porém ainda abaixo do neutro, uma vez que consideramos os níveis de preços ainda elevados, a despeito do retorno esperado de longo prazo ser atrativo”, diz o relatório.
A recomendação da XP para renda fixa global é de uma alocação de 2,5% para os três perfis de investimento (conservador, moderado e sofisticado), frente aos 5,0% dos meses anteriores. Já a indicação para renda variável global muda entre os perfis. Para conservadores, 2,5%, e moderados, 3,5%. Os sofisticados ficam com a mesma indicação anterior, de 5,0%. Nos meses anteriores os percentuais eram de 0%, 1% e 5,0%, respectivamente.
Alocação Brasil
No cenário local, em julho, o Banco Central manteve a taxa básica de juros no mesmo nível, de 10,5%, e sinalizou a possibilidade de aumentar nos próximos meses caso as expectativas de inflação continuem desancoradas. Diante disso, a XP optou por fazer um ajuste fino nas exposições em renda fixa: os pós-fixados perderam espaço para indexados à inflação, que tiveram percentuais recomendados de aplicação aumentados.
Para os especialistas, a renda fixa indexada à inflação “é a maior convicção dentre as classes de ativos que compõem as carteiras”, com a preferência pela alocação em títulos públicos curtos, com vencimento médio sugerido até seis anos.
“Os prêmios de risco seguem tendência de estabilização em patamares mais baixos do que se compararmos com os últimos 12 meses, entre 50 e 60 pontos-base, tendo uma maior atratividade para os investidores pessoas físicas a exposição a títulos que tenham isenção de Imposto de Renda”, diz o relatório.
No entanto, os pós-fixados (indexados ao CDI) ainda têm o maior percentual de alocação, que chega a 67,5% para as carteiras conservadoras. “Com a Selic no patamar de 10,5% ao ano, os rendimentos nominais e reais dos investimentos pós fixados continuarão elevados, havendo somente a necessidade de cautela para exposição excessiva a risco de crédito sem garantias.”
Na renda variável Brasil, o destaque para a XP são os preços atrativos para alocações de longo prazo em ações. Os especialistas acreditam que os balanços do segundo trimestre irão mostrar boa saúde financeira das empresas. Porém, a visão ainda é neutra, devido aos ruídos políticos que aumentam as incertezas.
A perspectiva é mais positiva para os fundos listados, principalmente os fundos imobiliários. “Entendemos que os fundos imobiliários de recebíveis, que essencialmente são compostos por CRIs indexados a CDI ou IPCA, possuem uma melhor relação de retorno ajustado ao risco, até mesmo pelo caráter mais defensivo da maioria dos fundos de papel.”
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