Ao comentar o anúncio feito nesta sexta-feira (6) do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), classificou o dia como “histórico e estratégico”.
“Depois de 33 anos do Mercosul e mais de 20 anos de negociações, finalmente é anunciado o acordo”, celebrou Alckmin. “É o maior acordo entre blocos de todo o mundo. Estamos falando de mais de 700 milhões de pessoas”, completou o vice-presidente, ao destacar o significado do acordo “em um mundo polarizado e fragmentado”. “Isso é prova de diálogo, de boa política.”
Alckmin lembrou que o acordo não terá efeito imediato, pela necessidade de tradução para um total de 24 idiomas. “Depois, precisa passar pela Comissão Europeia, pelo Parlamento Europeu e internalizar aqui, nos quatro países do Mercosul”, observou. “A Bolívia, se quiser, mais à frente também poderá integrá-lo”, explicou.
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Para Alckmin, o acordo abre oportunidades. “Estamos falando de 27 países da União Europeia, dos mais ricos do mundo. Muitas oportunidades que podem ajudar a fazer o PIB [Produto Interno Bruto] do Brasil crescer mais, as exportações brasileiras crescerem mais, a renda e o emprego crescerem mais, e derrubar a inflação”, afirmou o vice-presidente.
Próximos passos
Segundo o vice-presidente, é difícil cravar uma data para a assinatura formal do acordo. Ele destacou que os próximos passos incluem, além da tradução, a votação, por maioria qualificada, no Conselho Europeu, e, por maioria simples, no Parlamento Europeu.
Em seguida, ocorrem as votações nos países que integram o Mercosul – Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai. “Aí, será imediato. Imagine uma situação que nós internalizamos aqui e outro país vizinho, ainda não. Para nós, já está valendo”, disse Alckmin.
“Os termos dos acordos já estão acertados. Não se pode mais alterar. Um país que, por acaso, tenha divergência não pode mais alterar os termos do acordo que ficou celebrado”, afirmou.
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O presidente brasileiro afirmou ainda que o acordo firmado nesta sexta-feira (6) “é bem diferente daquele anunciado em 2019”. “As condições que herdamos eram inaceitáveis”, disse Lula em discurso
Resistência
Questionado sobre a posição de países que ainda resistem ao acordo, como a França, o vice-presidente disse esperar que “isso esteja resolvido”. “À medida em que você anuncia e celebra o acordo, ele está feito. O acordo é um ganha-ganha onde se abre mão de alguma coisa, ganha-se de outro lado, tem uma vantagem comparativa aqui, uma dificuldade ali”, disse.
“Acho que vamos superar. No caso do Brasil, tivemos apoio dos três setores da produção: o setor primário, agrícola; o setor secundário, a indústria, especialmente a de transformação; e comércio e serviços. Estamos muito otimistas. O Mercosul ficou muito tempo limitado em seus acordos.”
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Projeções
Segundo Alckmin, estudos demonstram que as exportações brasileiras para a União Europeia poderiam crescer 6,7%, enquanto, nos serviços, o índice seria de 14,8% e, na indústria de transformação, 26,6%.
“O acordo é bom para os nossos países aqui do Mercosul, é bom para a União Europeia, mas é bom também para o mundo, para a geopolítica mundial. Em um momento de fragmentação, de tensão política no mundo inteiro, dois grandes blocos abriram o mercado, celebraram um tratado, uma grande parceria”, concluiu o vice-presidente.
(Com Agência Brasil)
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