O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou, nesta sexta-feira (18), que o governo federal vai criar uma linha de crédito especial para quem perdeu bens e foi impactado pelo “apagão” de energia na Grande São Paulo, iniciado no último dia 11, após uma tempestade.
Até esta quinta-feira (17), cerca de 36 mil clientes da Enel, a empresa concessionária que fornece o serviço, ainda estavam sem energia elétrica.
Ao discursar no lançamento de novas medidas do programa Acredita, destinadas aos micro e pequenos empreendedores, no Allianz Parque, em São Paulo, Lula disse que não quer saber “de quem é a culpa” pelo apagão.
“Vocês viram ao apagão que está tendo em São Paulo. Ontem eu pedi ao [Fernando] Haddad e à Casa Civil para trabalharem porque nós vamos fazer para a cidade de São Paulo o mesmo que nós fizemos para o Rio Grande do Sul”, afirmou Lula, referindo-se à tragédia climática que arrasou centenas de municípios gaúchos, em abril e maio deste ano.
“As pessoas que tiveram prejuízo por conta do apagão, que perderam geladeira, que perderam a sua comida, o pequeno comerciante que perdeu alguma coisa… Nós vamos estabelecer uma linha de crédito para que as pessoas possam se recuperar e viver muito bem”, disse o presidente da República.
“Eu não quero saber de quem é a culpa. Eu quero saber quem é que vai dar a solução”, concluiu Lula.
Leia também
Lula promete crédito a afetados por apagão em SP: “Não quero saber de quem é a culpa”
“Nós vamos fazer para a cidade de São Paulo o mesmo que nós fizemos para o Rio Grande do Sul”, afirmou Lula, referindo-se à tragédia climática que arrasou centenas de municípios gaúchos, em abril e maio deste ano
Foco em empresas
Em entrevista coletiva, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), explicou que o auxílio é destinado a empreendedores e pequenas empresas atingidas pelo apagão em São Paulo.
Ao todo, 380 mil empresas da Grande São Paulo devem ser beneficiadas e o governo deverá usar R$ 150 milhões para criar a linha de crédito. Conforme enfatizou Haddad, a medida não vale para pessoas físicas.
“O cidadão, em geral, recorre à própria concessionária, que deve repor o bem quando este sofrer dano. Em virtude do apagão, se ele sofreu dano na residência, pode requerer à concessionária a reposição desse bem”, disse Haddad.
“Nós estamos falando de atividade econômica. A concessionária tem que atender a residência, mas para a atividade econômica não tinha nenhuma linha de financiamento.”
De acordo com o ministro, os R$ 150 milhões de garantia deverão funcionar como uma “alavanca”, para que os bancos ampliem a oferta de crédito em valores ainda mais altos.
Leia também
Haddad diz que 1º leilão do Eco Invest alavancou R$ 45 bi para projetos sustentáveis
O Eco Invest foi lançado neste ano pelo governo brasileiro para mobilizar capital privado por meio de linhas de financiamento e sistemas de proteção contra volatilidade cambial para projetos verdes
Em linhas gerais, Haddad estima que a garantia de R$ 150 milhões deve abrir espaço para um crédito total de R$ 1 bilhão aos comerciantes e empresários afetados pelo apagão em São Paulo.
Segundo o ministro da Fazenda, o presidente Lula deve assinar a liberação desses recursos até o fim de semana, antes de embarcar para a Rússia, onde participará da Cúpula dos Brics, em Kazan.
A expectativa é a de que o crédito esteja disponível a partir da semana que vem.
Leia também
Lula acena aos MEIs: “Tem uma parte da sociedade que não quer ter carteira assinada”
“As pessoas querem trabalhar por conta própria, montar um comércio”, disse Lula durante anúncio de novas iniciativas destinadas aos micro e pequenos empreendedores, grupo tradicionalmente refratário ao governo
Caos em São Paulo
Cerca de 3,1 milhões clientes foram atingidos pelo apagão. A rede afetada inclui 17 linhas de alta tensão, 11 subestações, 221 circuitos de média tensão, 105 transformadores, 251 postes e 1.492 ocorrências com vegetação.
A Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) já encaminhou ao governo de São Paulo um pedido de mais prazo para o pagamento de impostos pelos estabelecimentos do setor. O pedido é de prorrogação do vencimento de impostos para cerca de 250 mil estabelecimentos que foram afetados pela falta de energia.
De acordo com a Fhoresp, a interrupção de energia já provocou prejuízos de cerca de R$ 150 milhões para o setor nos quatro primeiros dias de apagão. Os maiores prejudicados são os micro e pequenos empresários.
As chuvas fortes e os ventos que atingiram diversas cidades paulistas provocaram sete mortes.
(Com Agência Brasil)