As ações da Automob (AMOB3), nova empresa do grupo Simpar, chegaram a subir até 93,62%, a R$ 0,91, no fim da manhã desta terça-feira (17), um dia após a empresa estrear na B3 (B3SA3) em disparada. Contudo, os ativos fecharam com alta mais amena, de 6,38%, a R$ 0,50. Cabe destacar o baixo valor de face das ações, fazendo com que variações de centavos leve a grandes variações percentuais.
Ontem, as ações da companhia registraram alta expressiva de 168%, com pico de mais de 200%, passando de R$ 0,17 — preço de referência — para R$ 0,45 por papel, valor consideravelmente barato. Essa valorização resultou em uma reavaliação de múltiplos, com o valor total de empresa e de lucro operacional antes de despesas financeiras, impostos, depreciação e amortização (EV/Ebitda) estimado para 2025 passando de 4,3 vezes para 5,7 vezes.
A Automob surgiu de um processo de reorganização societária anunciado em setembro pela Simpar, holding que controla empresas como JSL (JSLG3), Movida (MOVI3) e Vamos (VAMO3). A reestruturação resultou em um spinoff, separando as operações de locação e concessionárias da Vamos.
SAIBA MAIS
Dessa forma, a Automob passou a consolidar a vertical de varejo automotivo, integrando a rede de concessionárias de veículos leves da Simpar em uma única estrutura. Segundo a empresa, a iniciativa visa trazer mais clareza às teses de investimento de cada segmento e facilitar a análise individual dos negócios.
Com a alta da Automob, as ações da Vamos caíram proporcionalmente à valorização da estreante, refletindo o impacto da transferência de valor decorrente do desmembramento das concessionárias de veículos pesados. Além disso, a Vamos registrou uma queda adicional de 2,4%, que analistas da XP Investimentos atribuem ao desempenho mais amplo do mercado no dia.
Impactos no mercado
Especialistas da corretora afirmam que o mercado precificou o acordo de forma alinhada aos fundamentos. O aumento no preço da Automob foi compensado pela queda proporcional na Vamos, refletindo a transferência de valor entre as ações, conforme relatório da XP. Segundo análise, esse movimento demonstra que o mercado ajustou os preços de acordo com o valor real dos ativos, limitando a oportunidade de operações especulativas para aproveitar o evento de listagem da Automob.
Para os próximos anos, a Simpar projeta crescimento consistente em suas operações. As estimativas para 2024 apontam uma receita líquida de R$ 36,7 bilhões e um Ebitda de R$ 11,2 bilhões, com margem Ebitda de 30,7%. Já para 2025, a previsão é de R$ 40,6 bilhões em receita líquida e Ebitda de R$ 12,6 bilhões, com margem de 31,1%.
Mercado fragmentado
Em entrevista ao InfoMoney, Antonio Barreto explicou que a Automob, como empresa listada, tem o potencial de se tornar um consolidador natural em um mercado extremamente fragmentado. Ele destacou que, assim como em mercados mais maduros de outros países, o crescimento da companhia será impulsionado tanto por aquisições quanto por expansão orgânica, com aumento nas vendas de veículos e concessões de novas marcas.
Nos 12 meses encerrados em setembro, a Automob — em sua estrutura original focada em concessionárias de veículos leves — registrou uma receita de R$ 9,382 bilhões. Já o segmento de veículos pesados, incorporado da Vamos, gerou R$ 2,730 bilhões no mesmo período. Segundo Barreto, essa área enfrentou entraves recentemente devido a um momento delicado no setor agrícola brasileiro, mas ele enfatizou que a diversificação da Automob ajudará a lidar com os ciclos naturais do agronegócio.
Combinando esses resultados, a Automob estreou na Bolsa com uma receita líquida superior a R$ 12 bilhões e um lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) de R$ 439 milhões.