Os preços do café arábica atingiram recordes nesta terça-feira (10), com os negociantes preocupados com as perspectivas da safra do Brasil, depois que a Volcafe, uma das maiores negociadoras do mundo, reduziu sua previsão de produção de arábica do país em 2025/26.
O Brasil, que cultiva quase metade do arábica do mundo produzirá apenas 34,4 milhões de sacas do grão na próxima temporada, de acordo com um relatório da Volcafe visto pela Reuters.
A previsão foi reduzida em 11 milhões de sacas graças a um alto nível de falha na floração após a seca deste ano. Como resultado, a Volcafe prevê um quinto déficit global consecutivo “sem precedentes” de 8,5 milhões de sacas de café em 2025/26.
A situação de déficits contínuos que prevalece desde 2021 é em grande parte causada pela incapacidade do Brasil de produzir uma safra de arábica no ciclo de alta acima de 50 milhões de sacas, principalmente devido às mudanças climáticas”, disse a trading.
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Os preços do café subiram cerca de 80% este ano, impulsionados também por preocupações com as perspectivas da safra do Vietnã, maior produtor de robusta.
Os ganhos de preço aumentaram os retornos potenciais dos agricultores, mas estão desafiando os comerciantes, que estão enfrentando custos de hedge nas bolsas e uma corrida para receber os grãos que lhes são devidos.
Enquanto isso, o aumento dos preços está fazendo com que alguns consumidores mudem para o café mais barato. O chefe da Nestlé, a maior empresa processadora de café do mundo, foi demitido no início deste ano depois que a diretoria ficou insatisfeita com as vendas fracas e com a perda de participação no mercado, uma vez que os consumidores passaram a usar marcas mais baratas.
Os futuros do café arábica na ICE, usados como referência para o preço do café físico em todo o mundo, atingiram US$ 3,4835 por libra-peso no início desta terça-feira, nível jamais visto.
Por volta das 12h35 (horário de Brasília), o café subia mais de 4,5%, para cerca de US$ 3,45 por libra-peso.
Os negociantes disseram que o relatório da Volcafe chegou em um momento em que o mercado já estava nervoso em relação aos suprimentos, mas advertiram que ele pode estar tendo um impacto desproporcional, especialmente com a colheita do Vietnã, maior produtor de robusta, atualmente em andamento.
O arábica e o robusta são até certo ponto intercambiáveis, de modo que a maior disponibilidade de robusta pode contribuir para amenizar a escassez de arábica.
Os contratos futuros de café robusta da ICE atingiram a máxima do dia de US$ 5.510 por tonelada mais cedo, ainda abaixo do pico da semana passada de US$ 5.694, que foi o mais alto em 47 anos quando comparado com os preços da Organização Internacional do Café.
A TRS da Expana, uma importante agência de relatórios de preços e de pesquisa, prevê que a safra de café do Brasil de 2025/26 aumentará ligeiramente em uma base anual, para pouco menos de 70 milhões de sacas, graças a uma forte safra de robusta.
Enquanto isso, a empresa reduziu sua previsão da safra brasileira de arábica de 2025/26 em 2 milhões de sacas, para 43 milhões, mas ao mesmo tempo vê uma forte safra de robusta no país, disse à Reuters Steve Wateridge, chefe de pesquisa da TRS by Expana.
Wateridge, especialista mundial em commodities tropicais, disse que, de modo geral, a safra total de café do Brasil aumentará ligeiramente na próxima temporada, para pouco menos de 70 milhões de sacas, ajudando o mercado global a registrar um excedente de 7,5 milhões de sacas em 2025/26.
“Se os preços se mantiverem nesses níveis, perderemos a demanda, é isso que temos de observar”, disse Wateridge.
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