Embora o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, tenha mostrado desaceleração em novembro – a taxa mensal recuou de 0,56% em outubro para 0,39% no mês passado – o IBGE destacou nesta terça-feira que o indicador avançou na comparação de 12 meses, de 4,76% para 4,87%. E, se é possível apontra apenas um item como vilão na variação de preços no período, a carne bovina preenche o requisito.
Segundo os dados do IBGE, os preços das carnes subiram 8,02% no mês e 14,80% no acumulado do ano. Esse comportamento dos preços ajudou a alavancar a alta no subgrupo de alimentação no domicílio, que passou de uma variação de 1,22% em outubro para 1,81% em novembro.
A alta é explicada pelas condições do mercado durante o ano. Numa apresentação para a imprensa feita nesta terça-feira, a diretoria da empresa de nutrição animal dsm-firmenich lembrou que, no 1º semestre 2024, havia uma grande oferta de fêmeas no mercado e uma alta produção de carne. Mas como a demanda não estava em alta, o preço do boi gordo se estabilizou em patamares mais baixos.
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Já no 2º semestre, o consumo interno se aqueceu, enquanto os produtores elevaram as exportações, num ambiente de real desvalorizado em relação ao dólar. A oferta interna caiu e, com as escalas de abate mais apertadas, os preços iniciaram uma trajetória de alta, chegando R$ 353 a arroba (veja tabela).
Para 2025, embora evite fazer prognósticos mais preciso, por conta da volatilidade do mercado, Túlio Ramalho, diretor da Unidade de Ruminantes da dsm-firmenich para Brasil, Paraguai e Uruguai, diz que a tendência é de alguma acomodação nos preços.
“O mercado futuro mostra uma queda forte. Vamos ter um descarte de fêmeas acentuado no 1º trimestre e, se não tiver uma demanda muito forte, vamos ter uma tendência de preços mais baixos”, disse Ramalho, que no entanto não aposta em um valor muito abaixo de R$ 300 por arroba.