As big techs, mais especificamente o grupo chamado “magnificent seven”, tiveram um 2024, até agora, marcante. O ganho de força — e as perspectivas — da inteligência artificial impulsionaram as ações de empresas como Nvidia (NVDC34), Apple (AAPL34) e Microsoft (MSFT34). Agora, porém, o gás parece ter minguado e investidores estão buscando companhias menores com uma relação entre lucro e preço mais em conta.
O que ilustra bem esse movimento é o fato de em julho o S&P 500, que tem peso maior das empresas de tecnologia, ter até agora uma alta de cerca de 2%. O Russell 2000, índice que conglomera as “small caps” norte-americanas, por sua vez, sobe quase 10%.
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Werner Roger, fundador e CIO da Trígono Capital, fundo especializado nessas empresas menores, explica que com os valuations das big techs ficando muito esticados, investidores passaram a procurar novas opções. As ações da Nvidia, por exemplo, operam ainda hoje a um múltiplo de P/E (preço do papel sobre lucro) de mais de 70x. Para fins de comparação, o Russell 2000 tem um múltiplo de 28,7x.
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Fora isso, triggers como o “apagão tecnológico” visto na última sexta também ajudam a explicar a rotação das carteiras. “Houve a percepção de que estar muito exposto à tecnologia traz riscos talvez até desconhecidos”, fala Roger.
Por fim, a visão de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) irá cortar juros também passou a ajudar as small caps. “Elas dependem mais de crescimento e quanto menor a taxa de juros, maior o valor presente”, reforça, mencionado a chamada taxa de desconto.
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“Acho que, caso realmente o Fed venha a cortar os juros agora em setembro, os estrangeiros vão buscar mais risco. Eles já começaram a se antecipar lá no próprio mercado norte americano nas small caps, mas depois eles tendem a vir para os mercados emergentes. Apesar de o mercado ainda estar dividido se o corte sai ou não em setembro, uma hora ou outra vai acontecer”, diz.
Small caps brasileiras também se destacam
No Brasil, as small caps também vêm, em julho, tendo performance melhor do que as companhias maiores. O índice dessas empresas, até o meio dia desta terça-feira (23), sobe 4,42% no mês, enquanto o Ibovespa avança 2,64%.
E para os especialistas, o fato de boa parte das ações menores do país estarem muito descontadas também deve beneficiar a rotação para as small caps locais.
“Acreditamos que o que vemos lá fora que também possa acontecer no Brasil. O índice de small caps, apesar da performance em julho, está muito atrás do Ibovespa no ano. Ele cai 11% em 2024 enquanto o Ibovespa caiu cerca de 4%”, acrescenta Max Bohm, estrategista de ações da Nomos. “A gente acredita que também deveremos ver essa rotação de portfólio do Ibovespa para as small caps no Brasil”.
Usando um intervalo de tempo maior, nas últimas 52 semanas enquanto o Ibovespa sobe 4,6% o SMLL cai quase 10%.
Dessa forma, tanto investidores estrangeiros quanto locais, em determinado momento, devem olhar para essas companhias pequenas.
“No Brasil, estamos testemunhando uma melhora nos juros e um cenário de maior compromisso fiscal, embora ainda haja incertezas. Este novo panorama está beneficiando principalmente ativos que estavam excessivamente descontados devido ao cenário macroeconômico e interno de juros elevados”, explica Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos.
No caso de o Banco Central brasileiro ganhar mais espaço para cortar juros, o esperado é que as empresas locais se beneficiem ainda mais da rotação de carteira. Hoje, investidores vêm mantendo posições em companhias mais consolidadas e cujas as ações oferecem maior liquidez.