Os investidores estão sempre de olho na rentabilidade das aplicações, e não é por acaso: quanto maior ela for, menor será o esforço para economizar e para alcançar as metas financeiras. Mas quanto tempo seria necessário para dobrar o patrimônio aplicado, considerando as atuais condições de mercado?
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Uma simulação feita pela Ouro Preto Investimentos mostra bem como o tempo para dobrar uma única aplicação de R$ 10 mil – ou seja, para que ela alcance R$ 20 mil – está relacionado à rentabilidade das aplicações (veja na tabela abaixo). Os resultados mostraram uma grande disparidade: esse tempo pode variar de 2 anos e 7 meses, no caso do ativo mais rentável (as ações da Copel) a 9 anos e 11 meses, para o ativo menos rentável (caderneta de poupança). Ou seja, a diferença de prazo é de cerca de três vezes entre a melhor e a pior opção.
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Renda fixa
Ativo | Taxa anual | Prazo médio (em meses) |
POUPANÇA (0,5%/mês) + (TR 1,24%/ano) | 7,24% | 119 |
CDB (100% CDI) 10,40% | 10,40% | 84 |
CDB (110% CDI) | 11,44% | 77 |
LCI / LCA (95% CDI) | 9,88% | 88 |
LCI / LCA (90% CDI) | 9,36% | 93 |
LCI / LCA (80% CDI) | 8,32% | 104 |
Tesouro SELIC 2027 (SELIC (10,40%) + 0,0984%) | 10,50% | 83 |
Tesouro IPCA+ 2029 (IPCA (3,60%) + 6,10%) | 9,70% | 90 |
TESOURO PREFIXADO 2027 | 11,13% | 79 |
TESOURO PREFIXADO 2031 | 11,80% | 75 |
CRA – CAMIL (CDI + 0,40%) | 10,80% | 81 |
CRI – SmartFit (CDI + 0,30%) | 10,70% | 82 |
*Dados de rendimentos levantados em 23/05/2024
Renda variável
Ativo | Taxa anual | Prazo médio (em meses) |
ETF : BOVA11 | 13,65% | 65 |
Ações : PRIO3 (Setor Petróleo) | 24,14% | 38 |
Ações : VALE3 (Setor Siderurgia / Mineração) | 18,95% | 48 |
Ações : BBSE3 (Setor de Seguros) | 20,79% | 44 |
Ações : CPLE6 (Setor Elétrico) | 31,11% | 31 |
Ações : MGLU3 (Setor de Consumo / Varejo) | -64,92% | PERDERIA DINHEIRO |
Ações : BBDC4 (Setor Bancário) | -6,25% | PERDERIA DINHEIRO |
Ações : AZUL4 (Setor Aéreo) | -36,56% | PERDERIA DINHEIRO |
*Na renda variável foi somada a valorização do ativos com os dividendos pagos
*Dados de rendimentos levantados em 23/05/2024
A simulação levou em conta um único aporte de R$ 10 mil feito por um investidor em maio de 2024 – mas o prazo para dobrar o patrimônio é o mesmo se o investidor tivesse aplicado R$ 100 mil ou R$ 1 milhão. No caso dos ativos de renda fixa, foram levadas em conta rentabilidades de mercado vigentes em maio. Na renda variável, dada a maior volatilidade das ações e maior complexidade para simular as cotações no longo prazo, foi levada em conta a rentabilidade apresentada por esses ativos nos últimos doze meses – ou seja, há uma premissa de que essas rentabilidades se repetiriam. Embora isso dificilmente ocorra, a simulação mostra como a rentabilidade influencia o tempo gasto para chegar aos R$ 20 mil almejados (ou, ainda, R$ 200 mil ou R$ 2 milhões).
É interessante notar que a melhor opção foi um ativo de renda variável, corroborando a máxima de que quanto maior o risco, maior o potencial de retorno. No entanto, a desvantagem de se optar unicamente por este tipo de ativo é que nem sempre o cenário mais favorável se materializa e a possibilidade de perdas é igualmente grande. Já a vantagem de contar com a renda fixa para dobrar o patrimônio é a maior previsibilidade dos ganhos, ainda que esses venham de forma mais lenta.
Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos que fez a simulação, ressalta que, na hora de montar a sua carteira, o investidor deveria levar em conta a necessidade de diversificação e o seu perfil de risco. E justamente pela necessidade de diversificar, ele considera que não faz sentido concentrar o capital nem em ações e nem apenas na poupança, que aparece como a pior opção – a que consumiria mais tempo.
Não é à toa que a poupança aparece nessa posição. Isso ocorre porque a caderneta rende 0,5% ao mês acrescida da taxa TR. Lima ressalta que há outras aplicações de renda fixa com risco de crédito tão baixo ou até menor que o da poupança, e que rendem melhor. É o caso, por exemplo, dos títulos públicos como o Tesouro Selic, Tesouro IPCA e Tesouro Prefixado.
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João Pedro Silva, “head” da mesa renda fixa da Status Invest, lembra que os títulos públicos federais são, por definição, os de menor risco da economia, e que os títulos privados oferecem remunerações adicionais justamente porque vão agregando mais riscos, numa escala de rentabilidade. Se um título prefixado do governo federal paga taxa de 11%, por exemplo, um título bancário prefixado pagará a partir de 11,5% ou de 12%, a depender do tamanho da instituição financeira. Já um título corporativo de crédito privado pagaria a partir de 12,5% ao ano. “Há uma escala proporcional de risco e retorno dentro da renda fixa”, diz Silva.
Considerando o atual cenário, Silva enxerga boas oportunidades nos títulos prefixados (Tesouro Prefixado) e indexados à inflação (Tesouro IPCA) porque a tendência ainda é de redução da taxa Selic, atualmente em 10,5%. As estimativas do mercado projetam uma Selic em torno de 9,5% a 10% ao ano no fim de 2024.
Como a rentabilidade do pós-fixado (Tesouro Selic) deverá baixar, no momento a preferência de Silva recai sobre os dois outros títulos. No caso dos prefixados, porque quando as taxas caem, os títulos se valorizam e porque o investidor trava a taxa de rendimento no momento da aplicação, e ela permanecerá a mesma se ele levar o papel até o vencimento. No caso dos atrelados à inflação, porque eles misturam esse componente prefixado à correção pela inflação (IPCA), o que traz para o investidor uma garantia de ganho real, acima da inflação.
Outras alternativas com rentabilidades atraentes ainda dentro do universo da renda fixa, considera Lima, são as LCIs e LCAs, os CDBs, os CRIs e CRAs e mesmo os fundos de renda fixa (que investem em carteiras diversificadas de títulos públicos e privados). Enquanto o risco dos títulos bancários como CDBs, LCIs e LCAs é o da instituição financeira que os emitiu, nos CRI e CRA o risco é representado pela empresa que irá saldar os recebíveis que compõem os CRIs e CRAs.
Já no universo da renda variável, os resultados da simulação mostram como a diversificação é importante. O investidor que tivesse aplicado R$ 10 mil em ações da Copel levaria 2 anos e 7 meses para alcançar R$ 20 mil. Se tivesse investido nas ações que compõem o Ibovespa, por meio do ETF BOVA11, teriam sido necessários 5 anos e 5 meses. E, por outro lado, se tivesse aplicado o dinheiro em ações do Magazine Luiza, teria perdido dinheiro (desvalorização de 64% no período considerado). “O setor de varejo foi muito machucado pela Selic alta”, explica Lima. Mas, como se sabe, a tarefa de acertar na ação ou setor para investir não é nada trivial. Por isso, Lima recomenda que o investidor que quiser tentar se beneficiar do potencial de ganhos da renda variável para impulsionar a rentabilidade e reduzir o tempo necessário para dobrar o capital opte por fundos de ações ou carteiras recomendadas pelas corretoras.