A “reunião ministerial” comandada nesta sexta-feira (20) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve um tom bem mais informal do que encontros anteriores do tipo – foi mais um almoço de confraternização de fim de ano do que propriamente uma reunião.
O encontro, realizado no Palácio da Alvorada, em Brasília (DF), contou com a presença dos 38 ministros do governo e transcorreu em tom descontraído. Segundo informações do g1, Lula afirmou aos ministros que o futuro presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo – com quem o presidente também esteve hoje – lhe disse que é preciso “pacificar a relação” com o mercado financeiro.
Nesta tarde, em suas redes sociais, Lula divulgou um vídeo em que aparece ao lado de Galípolo e dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e Rui Costa (Casa Civil), e se compromete a respeitar a “autonomia” da autoridade monetária.
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Em um vídeo gravado ao lado de Gabriel Galípolo, futuro presidente do BC, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Lula afirma que “jamais” irá interferir nas decisões da autoridade monetária
Galípolo, atual diretor de Política Monetária do BC, foi indicado por Lula para suceder o atual presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, com quem o petista teve uma série de desavenças públicas em seus dois primeiros anos de mandato. Campos Neto fica no comando do BC até o dia 31 de dezembro. Galípolo assume em 1º de janeiro.
“Seguimos mais convictos do que nunca de que a estabilidade econômica e o combate à inflação são as coisas mais importantes para proteger o salário e o poder de compra das famílias brasileiras”, diz Lula na gravação.
O encontro com os ministros de seu governo era muito esperado por Lula e pôde ser realizado após o presidente ter sido liberado pelos médicos que o acompanharam na recuperação depois da cirurgia para a retirada de um coágulo no cérebro. Ele ficou em São Paulo até quinta-feira (19).
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O encontro ocorreu no Palácio da Alvorada, em Brasília, um dia após Lula retornar à capital federal, depois de ter passado por procedimentos de saúde em São Paulo
Nos últimos dias, cresceu a tensão no mercado diante do pessimismo em relação ao compromisso do governo federal com a responsabilidade fiscal e o ajuste das contas públicas. A aprovação do pacote fiscal pelo Congresso Nacional, concluída nesta sexta-feira (20), e o vídeo ao lado de Galípolo contribuíram para que o dólar recuasse desde ontem, segundo aliados do presidente. Nesta sexta, a moeda americana caiu para R$ 6,07.
Nova reunião e ato pelo 8 de janeiro
De acordo com o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias (PT), Lula deve promover uma nova reunião ministerial – mais formal, nos moldes tradicionais – em janeiro de 2025.
Nesse próximo encontro, deve ser feito um balanço sobre as principais ações do governo nos dois primeiros anos do terceiro mandato de Lula, além da apresentação dos programas previstos para o ano que vem.
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Dias afirmou ainda que Lula pretende fazer um novo ato em defesa da democracia no próximo dia 8 de janeiro, exatos dois anos após os ataques violentos de 8 de janeiro de 2023.
Na ocasião, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inconformados com o resultado das eleições de 2022 invadiram e depredaram as sedes do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF). No momento do ataque, Lula estava em um compromisso oficial em Araraquara, no interior de São Paulo.
No dia 8 de janeiro de 2024, Lula reuniu os chefes dos Três Poderes em um ato para lembrar os ataques do ano anterior.