Caros(as) leitores(as),
A minha relação com o governo “Lula 3” oscila ao longo do tempo. Não me leve a mal, eu sou o “Senhor Mercado” (ou Mr.Market para os estrangeiros), meu humor não é estável e, muitas vezes, assumo o papel de fiscal de políticas públicas.
Porém, se você prestar bem atenção no que os preços estão a dizer, vai entender que o ruído político no Brasil entrega uma oportunidade interessante a você nesse momento. Vou utilizar este belo espaço para discorrer sobre.
Haddad, muito obrigado
A relação com este governo não foi boa em nenhum momento. Podemos dizer que ela foi “menos pior” e acredito que nos últimos meses estivemos dessa forma.
No início, assim que esse mandato começou, a situação era estremecida, os mercados responderam de forma nítida. Ao passar dos meses, o temperamento foi ponderado e chegamos no presente – que não é bom, nem ruim.
Acho que, dentre outras figuras, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, possui crédito nesse processo. Os agentes da indústria financeira tiveram suas dúvidas quanto à condução fiscal brasileira, muitos acreditavam que teríamos mais responsabilidade por parte dos governantes.
A verdade é que Lula se elegeu na promessa dos gastos e ele está entregando o que disse em sua campanha. Nós, como sociedade, o elegemos e não podemos dizer que é uma surpresa.
Enquanto isso, nosso Ministro da Fazenda conseguiu a confiança do presidente e, de forma surpreendente, tenta equilibrar as medidas fiscais para que o país não rume em velocidades estapafúrdias para o buraco. Ele é um psiquiatra no manicômio chamado Brasil.
Tudo mais constante, devemos assistir mais dois anos nesse formato. Em 2026, abriremos uma nova fase para o país.
Verdade seja dita: Lula não preparou um sucessor e o PT está minguando. Vai diminuir até desaparecer da face da Terra ou ser diluído em outros partidos.
As novas lideranças da esquerda que se formam, como o próprio Fernando Haddad, são mais equilibradas. A direita “das antigas” também enfraquece, e novas lideranças como Tarcísio de Freitas e Romeu Zema, fortalecem.
Eu não consigo ficar otimista com o país, mas posso achar que seja mais promissor. De toda forma, posso afirmar que o Brasil não vai para o tal buraco citado.
Os preços dos ativos financeiros dizem que vamos. Os títulos públicos pagam mais do que 6% ao ano já corrigidos pela inflação, existem muitos ativos na bolsa descontados e com preços irracionais – taxas internas de retorno que não víamos há anos.
Nunca foi tão bom para alocar capital. Quando dividimos o valor de mercado da bolsa brasileira por uma medida de poupança local (M4), chegamos à conclusão de que o investimento em ações nunca foi tão baixo.
A maior parte dos fundos multimercado rodam com 70% do patrimônio fora do país, o estrangeiro retirou dinheiro ao longo do ano, mais de US$ 20 bilhões negativo em 2024. Num ambiente macro global que deixa as commodities em patamares mais elevados, e com o chinês sendo nosso cliente e não competidor, como está se posicionando com outros países europeus, por exemplo.
O governo pode parecer “louco” fiscalmente, mas temos um psiquiatra. Adiante, estamos nos despedindo de um leva de políticos desatualizados e ultrapassados, com preços de caos nos ativos – acho que consigo dormir pessimista e comprado.