O Ibovespa fechou em queda de 0,55% nesta terça-feira (14), aos 102.063 pontos, com um volume de negociação de R$ 23,4 bilhões. O principal índice da Bolsa brasileira recuou pelo oitavo dia consecutivo, na maior série de perdas desde setembro de 2015. O dólar comercial, por sua vez, voltou a se fortalecer frente ao real, subindo 0,41%, negociada a R$ 5,135 na compra e a R$ 5,136 na venda.
As duas movimentações se deram pelo fato de investidores estarem evitando maiores riscos. Na véspera das decisões do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) e do Comitê de Política Monetária (Copom), o mercado se posiciona com cautela – e espera, agora, por uma alta de 0,75 ponto percentual nos EUA, ante projeção anterior de 0,50 ponto.
“Para falar do mercado de hoje temos de voltar para sexta-feira passada, com a inflação maior do que a esperada gerando uma realização no mercado de equities”, explica César Mikail, gestor de renda variável da Western Asset, em referência à divulgação do CPI, que trouxe uma alta de 1% percentual em maio, ante consenso de preços 0,3% mais caros.
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De acordo com a Bloomberg, investidores agora veem que há 98% de chances de o Federal Reserve ser mais agressivo em sua decisão monetária amanhã. “O mercado, com isso, continua a ajustar seus preços”, diz Mikail.
Com essa visão, os títulos do tesouro com vencimento em dez anos voltaram a ver suas taxas avançarem consideravelmente, com alta de 10,4 pontos-base, a 3,473%. Os com vencimento em dois anos, por sua vez, tiveram seus yields subindo 14,8 pontos, para 3,429%. Os índices Dow Jones e S&P 500 caíram, respectivamente, 0,50% e 0,38%, enquanto o Nasdaq conseguiu subir 0,18%.
A incerteza sobre o futuro leva fluxo de capital para os Estados Unidos, a economia mais segura do mundo. O DXY, que mede a força do dólar frente a moedas de outros países, avançou 0,37%, aos 105,46 pontos, no maior patamar desde novembro de 2002.
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Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, lembra ainda que há incertezas também por parte da China, que impôs um lockdown em Shanghai, sua segunda maior cidade, por conta do aumento dos casos de Covid-19.
“Os lockdowns continuam a preocupar o mercado”, explica o especialista. “Não há a visão clara de quando haverá o reestabelecimento das linhas de produções mundiais, o que pressiona os preços”.
A questão da China ainda tem impacto direto sobre as ações brasileiras, uma vez que as restrições derrubam os preços das commodities. “Petróleo e commodities, que começaram o dia em alta, viraram e passaram a cair”, comenta Velloni.
O preço do barril do petróleo Brent fechou o dia em queda de 1,48%, a US$ 120,46. Na China, o preço da tonelada do minério de ferro caiu 1,8%, a US$ 134,20.
Queda de commodities, porém, não dá trégua para curva de juros brasileira
Apesar de os produtos não manufaturados terem registrado um dia de baixa, a curva de juros brasileira continuou a avançar, na véspera do Copom. Os DIs para 2023 viram suas taxas avançarem 10 pontos-base, para 13,68%. Os DIs para 2025 tiveram seus rendimentos chegando a 13,08%, alta de 28 pontos-base. Na ponta longa, os yields dos DIs para 2027 e 2029 avançaram, na sequência, 12,99% e 13,07%.
“Por aqui, a situação não é muito diferente do que acontece nos Estados Unidos. Temos a preocupação com a inflação e há a possibilidade de o Banco Central ser mais forte em seu ajuste ou fazer novas sinalizações”, diz Mikail. “O mercado aqui também está refletindo isso. Ações de companhias menos líquidas e com valuations mais fortes têm seus preços sendo ajustados”.
Entre as maiores quedas do Ibovespa, os papéis da Via (VIIA3) foram destaque com menos 10,20%, pressionados pela curva de juros. Positivo (POSI3), Méliuz (CASH3) e Magazine Luiza (MGLU3) também sofreram pelo mesmo motivo, recuando 5,94%, 5,15% e 4,87%. Já as ações da CVC (CVCB3) caíram 6,70%, com a alta do dólar pressionando o poder de compra dos brasileiros.
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