O governo de Nicolás Maduro qualificou nesta quinta-feira (24) como uma “agressão” e um “gesto hostil” a postura brasileira de não apoiar a entrada da Venezuela nos Brics, bloco das economias emergentes.
“[É] Uma ação que constitui uma agressão à Venezuela e um gesto hostil que se soma à política criminosa de sanções que foram impostas contra um povo valente e revolucionário, como o venezuelano”, diz o comunicado publicado pelo ministério das Relações Exteriores de Maduro, que acusa que o Itamaraty de “impedir” a entrada da Venezuela no bloco.
Sem mencionar o ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira, que representou pessoalmente o Brasil na Rússia, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a chancelaria chavista atribui o “veto” ao Itamaraty e se refere a Eduardo Saboia, secretário de Ásia e Pacífico da pasta e principal negociador do Brasil nos Brics.
Leia Mais
-
Vladimir Putin diz que tem relação "boa e de amizade" com Lula
-
Análise: Maduro discursa como se Venezuela fosse parte dos Brics
-
Rússia sugeriu que Dilma continue na presidência do Banco dos Brics, diz Putin
“Através de uma ação que contradiz a natureza e o postulado dos Brics, a representação da chancelaria brasileira (Itamaraty), liderada pelo embaixador Eduardo Paes Saboia, decidiu manter o veto que o [ex-presidente Jair] Bolsonaro aplicou na Venezuela durante anos, reproduzindo o ódio a exclusão e intolerância promovidos dos centros de poder ocidentais para impedir, por enquanto, a entrada da pátria de Bolívar nesta organização”, argumenta.
O comunicado expressa ainda que o povo venezuelano “sente indignação e vergonha por esta agressão inexplicável e imoral da chancelaria brasileira (Itamaraty), mantendo o pior das políticas de Jair Bolsonaro contra a Revolução Bolivariana”.
Bolsonaro rompeu as relações com a Venezuela após reconhecer Juan Guaidó como presidente do país. Lula restabeleceu as relações, mas está em um momento de esfriamento dos laços com Maduro desde a recusa do poder eleitoral venezuelano e do chavismo de publicarem as atas eleitorais que corroboram a suposta vitória de Maduro no pleito presidencial de 28 de julho.
A oposição venezuelana e boa parte da comunidade internacional contestam os resultados anunciados pelo poder eleitoral, que atribuem a Maduro a vitória por mais de 51% dos votos. O principal bloco opositor diz que o pleito foi vencido por González, com cerca de 67% dos votos.
O assessor especial da presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, chegou a ir para Caracas nas eleições e diz ter escutado de Maduro que as atas seriam publicadas, o que nunca ocorreu.
Em entrevista à CNN, Amorim disse na última segunda ser contrário à entrada da Venezuela nos Brics. O país acabou não incluído na lista de possíveis parceiros do bloco. Da América Latina, entraram apenas Cuba e Bolívia.
Procurado pela CNN, o Itamaraty disse que não comentará o comunicado do governo venezuelano.
Eleição na Venezuela teve urna eletrônica e voto impresso; entenda