Diante de um nível de Selic de 10,50% ao ano, a tentação de ficar apenas em investimentos pós-fixados atrelados ao CDI e à taxa básica de juros é bastante atrativa, mas há quem destaque que o investidor precisa tomar cuidado e olhar para frente para não deixar “dinheiro na mesa”. A visão foi defendida por Rodrigo Abreu, estrategista da família Asa Alpha, do ASA Invesments, durante painel, nesta sexta-feira (26), no Encontro dos Profissionais de Investimentos e de Previdência do Norte e Nordeste (Epinne-Epb 2024), em Recife.
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Para o profissional, há oportunidades em prefixados curtos de até um ano. Ele justifica que agentes financeiros precificaram na curva uma alta de 100 pontos-base da Selic daqui a um ano, o que ele ponderou ser “muita coisa”, especialmente diante de mudanças na presidência do Banco Central, com a saída de Roberto Campos Neto do cargo no fim de 2024.
Abreu lembrou que o mercado percebeu recentemente que movimentos de política monetária têm “efeitos colaterais graves”, mesmo se estiverem corretos. “Ou seja, para o BC subir hoje os juros ele teria que subir com unanimidade. Dá para subir com unanimidade? Não acreditamos. Vou concluir que um ‘pré [prefixado] curtinho’ de um ano têm prêmio”, resumiu.
O especialista também fez críticas ao nível de juro real atual ao dizer que o patamar de 6,5% precifica um cenário de “estresse fiscal grave”, o que não é o caso. “Não temos um estresse fiscal grave hoje no Brasil. Temos um desarranjo, uma desorganização fiscal que o Governo ainda tem meios e ferramentas para contornar. Juro real de 6,5% é muito juro”, ponderou.
Crédito: seletividade é o lema
Já ao comentar sobre o crédito privado, Abreu afirmou que gosta da classe, mas que privilegia a seletividade dos ativos atualmente. Desde o fim do ano passado, vários títulos passaram por um grande fechamento dos spreads (juros adicionais que um ativo de crédito oferece em relação ao dos títulos públicos) — movimento que foi mais intenso ainda em ativos considerados high grade (menor risco e retorno), na comparação com high yield (maior risco e retorno). “O high yield já pagou CDI+6,5% e CDI+7%, e hoje oferece CDI+2%”, observou.