É de se imaginar que o sonho de qualquer atleta que participa de uma competição internacional, como as Olimpíadas de Paris 2024, é conquistar uma medalha e subir no pódio. Por outro lado, sofrer uma lesão durante a prova ou o treinamento certamente é um de seus piores pesadelos.
Como fica o atendimento a um atleta em um eventual acidente no exterior? Tem seguro para cobrir esse tipo de situação? A resposta é sim. Os seguros disponíveis no mercado que atendem a atletas profissionais funcionam de maneiras diferentes e dependem da seguradora.
Para competições em outros países pode ser utilizado o seguro-viagem, que tem que cobrir, no mínimo, despesas médicas, hospitalares e odontológicas (DMHO), independentemente se o segurado é atleta ou não, conforme determina a Susep (Superintendência de Seguros Privados), órgão regulador e fiscalizador do mercado de seguros. Coberturas extras podem variar conforme a seguradora.
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A Coris, que informa cobrir mais de 50 modalidades esportivas no seu seguro-viagem, é fornecedora e patrocinadora de longa data da mesa-tenista brasileira Bruna Takahashi, de 24 anos. Bruna se despediu das Olimpíadas de Paris na segunda-feira (29) ao ser derrotada na segunda rodada do simples feminino pela norte-americana Lily Zhang.
Como funciona?
Segundo Juçara Serrano, diretora de Operações da companhia, pelo menos 70% dos acionamentos de segurados são relacionados a atendimento médico, como acidentes e/ou enfermidades – das mais simples às mais complexas.
No caso de atletas, ela conta que o suporte do seguro-viagem acaba sendo para atendimentos mais complexos que ultrapassam a capacidade da estrutura onde já estão os esportistas. “Normalmente as equipes têm os próprios médicos para os primeiros atendimentos. Esse médico é quem vai fazer uma triagem para entender o que precisa sair da estrutura que tem ali e vão nos acionar. Por exemplo: foi verificado que precisa ser feito um raio-x com urgência e não vai ter isso ali [no centro de treinamento], então nos acionam e, através da nossa rede, vamos acionar o prestador daquele serviço para ele ir até lá e fazer esse raio-x”, exemplifica a diretora da Coris.
Ela conta ainda que não há custo extra ao contratar o seguro para quem vai praticar alguma modalidade esportiva em terras estrangeiras. Contudo, há situações que não estão cobertas pelo seguro-viagem da empresa. “Um exemplo do que seria excluído é um esporte de neve, se a pessoa for se aventurar em um lugar que não é uma pista regulamentada”, comenta Juçara.
Já na Vital Card, todos os planos de seguro-viagem permitem ao segurado contratar um adicional de prática esportiva profissional. “Cobrimos todos os esportes que tenham reconhecimento de uma confederação oficial. A única restrição não coberta são artes marciais”, informa o diretor da companhia, Rafael Turra.
Para a prática esportiva, estão cobertas as despesas médicas e hospitalares decorrentes de acidentes ou doenças súbitas e agudas que ocorrerem na viagem, durante a participação em prática esportiva – seja campeonato ou treino, complementa Turra.
Ele explica ainda que o custo do seguro é calculado por dia, de acordo com o destino escolhido, a cobertura médica escolhida e a idade. “Tem casos que ele mesmo [atleta] paga. Em outros, é o patrocinador ou a confederação. Não existe uma regra”, explica o executivo. Juçara, da Coris, estima que o custo gira em média de 7 dólares por dia ou 9 dólares por dia se a viagem for para os Estados Unidos, onde a saúde é bastante cara. “Os custos médicos decorrentes de acidentes, fora do Brasil, podem atingir valores muito altos, principalmente nos Estados Unidos. Uma simples entrada na emergência de um hospital americano, mesmo que seja um caso simples, facilmente custará US$ 5 mil”, observa Turra.
Cobertura para equipes
Em 2023, a Generali Brasil lançou o “Esporte Seguro”, produto feito em parceria com a Red Fox (consultoria liderada pelo ex-atleta Alfredo Apicella), sob medida para confederações e federações esportivas.
O seguro é oferecido por meio de três planos (bronze, prata e ouro), com coberturas para hospitalização, invalidez e morte decorrentes de acidentes ocorridos durante competições ou treinamentos dos seus atletas. De acordo com a seguradora, o custo anual varia de R$ 34 a R$ 320, dependendo do plano escolhido, e as confederações e as federações são responsáveis pelo pagamento.
A Generali informa que “o produto é coletivo e foi pensado para que qualquer atleta, sem distinção, possa se concentrar na sua performance na competição, sem se preocupar em caso de acidentes” e que “diversas confederações e federações, como as de karatê, taekwondo e kickboxing, já garantem a tranquilidade de seus atletas com o ‘Esporte Seguro’”. Dessas três artes marciais, somente o taekwondo terá competições nas Olimpíadas 2024. A Generali, porém, não informa se os quatro atletas brasileiros da modalidade – que vão competir entre 7 e 10 de agosto em Paris – contam com o seguro da companhia.