SÃO PAULO – Explicar sobre a relação do dinheiro e consumo para as crianças não é tarefa fácil. Assim, além da escola, os pais possuem um papel fundamental no processo de educação financeira.
Uma maneira de introduzir os pequenos no mundo da economia é através da mesada. Para o educador financeiro Reinaldo Domingos, os pais que ainda não disponibilizam esta ferramenta devem repensar e começar a planejar para falar com os filhos sobre o tema.
A primeira dúvida em relação a esse tema é a idade com que a criança deve iniciar o contato com o dinheiro. “Isso dependerá de cada caso, entretanto, a partir dos três anos, quando a criança começa a demonstrar desejos próprios, já é o momento de iniciar a analisar a melhor forma de inserir a educação financeira (não a mesada), mostrando o processo de troca do dinheiro por produtos”, explica.
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A mesada efetivamente deve ser pensada por volta dos sete a oito anos, quando os jovens já estiverem acostumados com o contato com o dinheiro. Contudo, cuidados devem ser tomados para que esse artifício realmente atinja a sua finalidade:
1- Definir o valor da mesada
Durante um mês anote todo o dinheiro que dá para o seu filho, incluindo lanche escolar, passeios, compra de jogos, entre outros gastos da criança. Com esse número em mãos, chame a criança para uma conversa. “Diga a ela que, por já estar crescendo, chegou o momento de ela mesma controlar seu próprio dinheiro e que começará a dar uma mesada.”
Dê apenas 50% do valor total dado a ela no mês e informe que a criança terá que se organizar com esse valor e reforce que esse dinheiro terá que dar para os próximos trinta dias.
2- Incentive a criança economizar para realizar sonhos
Peça para seus filhos relacionarem no mínimo três desejos, um de curto prazo, até três meses, um de médio, até seis meses e um de longo, até um ano. Incentive-os a guardar parte do dinheiro da mesada para realizar esses sonhos. “Mostre a seu filho a importância de priorizar os seus desejos e faça-os entender que, para realizá-los, será sempre necessário guardar parte do dinheiro que passa pelas suas mãos”, explica o educador.
3- Mais de um filho
Se tiver mais de um filho, para cada um deles, a decisão do valor e a conversa deve ser feito individualmente, adequando à realidade dos mesmos. Lembre-se: as crianças são semelhantes, mas nunca iguais, quando o assunto é dinheiro.
4- Valor do dinheiro
É fundamental mostrar aos jovens a importância de conquistar os valores que recebem. No entanto, Domingos recomenda que não se deve associar esse dinheiro ao desempenho escolar, pois o estudo deve ser incentivado pela importância que ele terá para a vida. “Uma criança que só estuda para garantir a mesada no fim do mês poderá ter um rendimento muito baixo e, se, por algum motivo, a família deixar de ter condições de oferecer, isso afetará o desenvolvimento intelectual”, afirma.
5- Não ajude financeiramente
Os pais não devem complementar com frequência a falta de dinheiro ocasionada pela má administração da mesada. Muitas crianças e adolescentes gastam além da conta e passam a recorrer sistematicamente aos pais para conseguir mais dinheiro. Se os pais cedem aos pedidos, não ensinarão a controlar os impulsos, criando a ilusão de que pode gastar sem limites. A consequência disso será na fase adulta, quando utilizarão o crédito fácil como complemento salarial.