O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que apesar de os juros no Brasil serem “absurdamente altos” não é possível afirmar que a taxa de juros seja “exorbitante”. A declaração foi realizada em audiência da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. Ele pontuou que nos últimos cinco anos, entre 2019 e 2024, o Brasil teve uma menor inflação com uma menor taxa de juros.
“Não é possível afirmar que a gente tem uma taxa de juros exorbitante, apesar de ter uma inflação muito baixa. Na verdade, a gente tem é uma taxa Selic menor do que a média e uma inflação menor do que a média, ainda mesmo passando por um período de inflação global muito grande”, defendeu.
Campos Neto admitiu que o país tem tido uma desancoragem das expectativas de inflação que é preocupante e destacou que, embora a inflação implícita também tenha começado a subir, recentemente está se estabilizando. Ele reiterou que o Brasil está no processo de convergência de inflação com custo baixo tanto no emprego quanto no Produto Interno Bruto (PIB), levando em conta as surpresas positivas do mercado de trabalho e da massa salarial.
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Ao analisar a evolução da taxa de juros no Brasil, Campos Neto reconheceu que ela é elevada. “Ainda é verdade que as taxas de juros no Brasil são absurdamente altas, isso a gente não discute. O que a gente está querendo mostrar aqui é que, ao longo do tempo, a gente tem sido capaz de trabalhar com taxas de juros mais baixas comparado com outros intervalos na história, tanto na parte real quanto na parte nominal”, disse.
Ele também pontuou que o BC observa a taxa de juros neutra na política monetária. “O Brasil tem uma taxa de juros neutra maior que alguns outros países. A gente vê que em termos de esforço monetário o Brasil está mais ou menos na média de outros países, apesar de ter uma taxa de juros real mais alta, o que significa que a nossa taxa de juros neutra é mais alta também. Precisamos investigar as causas da taxa de juros estrutural ser mais alta, que é um tema que a gente tem discutido bastante recentemente”, disse.
Também ponderou que o juro neutro no país é alto por causa da baixa taxa de recuperação de crédito. A dívida pública elevada, taxa de poupança menor e crédito direcionado maior também influenciam o juro neutro. A autonomia do BC voltou a ser discutida e Campos Neto argumentou que o Brasil teve o maior aumento de juro em período eleitoral em 2022, avaliando todo o mundo emergente.