SÃO PAULO – Mais uma pesquisa eleitoral saiu e a presidente Dilma Rousseff voltou a perder pontos nas intenções de voto dos brasileiros. A constatação do Vox Populi nesta quarta-feira (16) de que Dilma caiu 1 ponto percentual na corrida eleitoral, passando a deter 40% das intenções de voto, no entanto, não deve ter o mesmo efeito das recentes especulações que levaram o Ibovespa a um rali que gerou ganhos de 15% em 4 semanas, acreditam os especialistas do mercado. Aparentemente, a tímida piora no quadro da atual presidente na disputa por votos não se faz mais suficiente para tamanho otimismo na bolsa.
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Para o analista-chefe da Geral Investimentos, Carlos Müller, ainda há espaço para novas especulações e eventuais altas na Bovespa com quedas da Dilma, mas não com o mesmo ímpeto. Só a presidente cair pode não ser o estopim para euforia por parte dos investidores, que veem nela uma figura intervencionista e, portanto – sob esse raciocínio -, prejudicial ao desenvolvimento da economia nacional. Müller lembra que o cenário ideal para boa parte do mercado, que repudia a atual gestão, precisa ser completo por ganhos da oposição nas pesquisas. Se os dois principais concorrentes de Dilma – Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) – não saem do lugar, não há mudanças no cenário eleitoral.
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A mais recente pesquisa do Vox Populi, sob encomenda da revista CartaCapital, mostrou que, mesmo em queda, Dilma mantém a velha “gordura” de 24 pontos percentuais sobre o tucano mineiro, melhor colocado da oposição, que também recuou nas pesquisas. Desta forma, apesar de todos as percepções mais negativas sobre o quadro macroeconômico nacional e os horizontes de risco para a atual presidente com a intensificação das investigações sobre a Petrobras (PETR3; PETR4), a corrida eleitoral antes do início oficial das campanhas permanece estável. Se as observações de Müller estiverem corretas, nada de esperar por um novo rali na bolsa levando em conta esta variável.
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No outro lado, o economista Daniel Cunha, da XP Investimentos, ameniza o peso das pesquisas eleitorais a três meses do início das campanhas. Para ele, triagens sobre intenções de voto não se mostram tão esclarecedoras na medida em que os candidatos opositores ainda são desconhecidos de uma parcela considerável da população – fator que, em parte, pode explicar o simultâneo processo de queda de Dilma e inércia dos concorrentes. Além disso, os votos brancos e nulos e o percentual de eleitores que não responderam ainda correspondem a mais que os resultados dos opositores somados.
Cunha diz que ainda é muito cedo para especular com resultados de pesquisas eleitorais e que os dados apresentados nesta quarta não devem desanimar muito o mercado. “O mercado não olha tanto para Vox Populi como para Ibope e Datafolha. É a terceira instituição de pesquisa em confiança dos investidores”, observou. Além disso, o economista da XP enxerga muito mais sentido em análises sobre as pesquisas que se referem à popularidade da presidente, tais como a Ibope/CNI, apresentada no mês passado. Neste caso, já é possível observar uma maior deterioração de Dilma no quadro eleitoral, o que justificaria mais o otimismo no mercado, uma vez que tais triagens mostram “a comparação da presidente com ela mesma”, conforme acrescenta Cunha – “é ela perdendo para ela mesma”.
Um mês de rali
Nesta quinta-feira (17), completa um mês que Bolsa iniciou o seu rali eleitoral. Foi no dia 17 de março que os primeiros rumores sobre pesquisas de intenção de voto fizeram as ações de diversas empresas, principalmente estatais, dispararem. Naquela data, o mercado já mostrava que uma derrota da presidente Dilma seria positiva, visando menores intervenções nessas companhias.
Com a primeira pesquisa sendo apresentada apenas no dia 20, o Ibovespa registrou 3 dias de forte valorização, e ainda estendeu os ganhos para o dia seguinte, o que representou um ganho de 5% em apenas 4 pregões para o principal índice da Bolsa, que saltou de 45.117 pontos no dia 17 de março para 47.380 no dia 21.
Mesmo com toda essa euforia, a pesquisa apresentada naquela data mostrou pouca mudança em relação ao que foi divulgado em novembro de 2013: Dilma tinha 43% das intenções de voto, contra 15% e 7% de Aécio Neves e Eduardo Campos, respectivamente. Ou seja, a atual presidente seria reeleita no primeiro turno.
Mas o resultado não desanimou os investidores, que na semana seguinte voltaram a mostrar bom humor diante de uma pesquisa de popularidade da presidente. Em pesquisa Ibope divulgada no dia 28 de março o percentual de pessoas que consideravam o atual governo bom ou ótimo caiu 7 pontos na comparação com novembro de 2013, passando de 43% para 36%. Diante de toda a expectativa, o Ibovespa registrou nova alta de 5% na semana entre 24 e 28 de março.
Então, na semana seguinte, mais uma pesquisa seria divulgada e novamente as ações subiram. Entre o dia 28 de março e 7 de abril – primeiro pregão após o resultado da pesquisa – o principal índice da Bolsa registrou novos ganhos de 4,80%.
O desempenho ligeiramente mais fraco que os das semanas anteriores ocorreu justamente após o resultado mais impactante. A pesquisa Datafolha de 5 de abril mostrou que a intenção de voto na presidente Dilma Rousseff caiu 6 pontos em relação à fevereiro, com a atual presidente caindo de 44% para 38%. Enquanto isso, Aécio Neves e Eduardo Campos registraram 16% e 10%, respectivamente.