O petróleo superou a soja como o principal produto da pauta da exportação do Brasil em receita e deve fechar o ano na liderança pela primeira vez, um lugar que pode ser mantido nos próximos anos, à medida que a produção cresce no país, avaliou o Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) nesta sexta-feira (6).
Para Roberto Ardenghy, presidente do instituto que representa as empresas do setor, além do aumento da produção, a demanda pelo petróleo do Brasil também ajuda a explicar este movimento. Ele citou que o óleo brasileiro, extraído em sua maioria do pré-sal, emite menos CO2 do que o produto fóssil de outros países.
“A gente já esperava passar a soja, nos primeiros meses do ano o petróleo já tinha derrubado a soja como primeira (…) mas a soja tem o período de safra, e a gente achou que o petróleo nem ganhasse, mas agora consolidou esse movimento”, disse Ardenghy, à Reuters.
A perda da liderança da soja na pauta exportadora do Brasil é um fato raro na última década. Em outras oportunidades, o petróleo até superou a oleaginosa, mas o minério de ferro acabou liderando as exportações ao final.
Agora, com a exportação de petróleo somando um recorde de 85,45 milhões de toneladas de janeiro a novembro, alta de 14,4% na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) publicados na véspera, a matéria-prima de combustíveis ganha um lugar de maior destaque nas vendas do país.
Já os embarques da oleaginosa caíram 1,3% em volume no mesmo período devido à quebra de safra, e os preços de exportação da oleaginosa despencaram quase 17% este ano, segundo a Secex.
Com isso, a receita da exportação de petróleo somou US$ 42,76 bilhões, versus US$ 42,08 bilhões para a soja no acumulado do ano até novembro — para o fechamento de 2024, é improvável que seja alterado esse ranking, uma vez que dezembro deverá ser o mês com menores embarques da oleaginosa no ano por conta da entressafra.
“Acho que isso (essa liderança) tem tudo para acontecer nos próximos anos, é uma commodity que está sujeita ao mercado internacional, mas a produção brasileira está fase de em ‘ramp-up’ muito significativa”, acrescentou o presidente do IBP.
Ele citou projetos da Petrobras e outras empresas no pré-sal que deverão elevar a produção nacional da faixa de 3,5 milhões de barris/dia neste ano para mais de 5 milhões de barris dia até por volta de 2030.
Para o ano que vem, a expectativa é de que a produção de petróleo do Brasil cresça mais de 10%, para mais de 4 milhões de barris ao dia, segundo dados apresentados pelo IBP –na soja, por outro lado, também é esperado um aumento de mais de 10%, com a recuperação das produtividades após uma safra frustrada pela seca.
Entre os cinco
O executivo lembrou que o Brasil é atualmente o sétimo produtor mundial de petróleo e pode ficar entre os cinco maiores, superando Iraque e China, daqui a cinco anos.
Além da maior produção, Ardenghy citou que a demanda global por petróleo vai seguir crescente nos próximos anos, pelo menos no médio prazo, enquanto o produto brasileiro tem características que atraem consumidores.
“O nosso petróleo tem baixo teor de CO2, e o mercado já está exigindo um petróleo mais descarbonizado, as refinarias e centrais petroquímicas estão tendo que atender demanda de descarbonização”, afirmou.
Segundo dados do IBP, a intensidade de carbono média da produção de petróleo do Brasil está abaixo de 20 kg CO2 por barril de óleo equivalente, versus quase 45 kg CO2 do Canadá, 35 da Líbia e 30 da Nigéria.
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