A taxa básica de juros do País já está alta, mas o mercado espera que ela volte a subir em setembro. Boa notícia para o investidor em renda fixa. Nessa classe, conhecida pelos retornos mais previsíveis, os títulos públicos surgem como recomendações comuns entre especialistas, seja pela boa taxa de retorno, seja pela segurança dos papéis. Mas, quanto de fato uma aplicação pode render em títulos do Tesouro Direto?
O Tesouro Direto é um programa do Tesouro Nacional para permitir que pessoas físicas comprem papéis do governo federal pela internet. Em outras palavras, pode-se dizer que ao comprar um título do Tesouro Direto o investidor está emprestando dinheiro ao governo. Nessa modalidade, é possível fazer aplicações com valores muito baixos, a partir de R$ 30, e ter liquidez diária para todos os papéis.
Confira, a seguir, como uma aplicação de R$ 300 mil evolui aplicada em diversos títulos do Tesouro Direto, e compare com o rendimento oferecido por outros instrumentos de renda fixa, como letras de crédito imobiliário (LCI) e do agronegócio (LCA), CDB, fundo DI e poupança.
Tesouro IPCA+
O Tesouro IPCA+ é um título que tem remuneração atrelada à inflação, mais uma taxa prefixada no ato da compra. Ao final do prazo acordado no papel, portanto, o investidor tem a garantia de recuperar o valor investido corrigido pelo IPCA do período, acrescido de um retorno adicional – ou seja, de juro real.
Uma aplicação de R$ 300 mil no Tesouro IPCA+ 2029, que atualmente paga mais de 6% ao ano além do IPCA, somaria a em um montante total de R$ 364.548 brutos no prazo de dois anos. Descontados R$ 9.682 de Imposto de Renda (IR) e R$ 1.323 de taxa da B3, o investidor obteria o valor líquido de R$ 353.439.
O mesmo valor investido em LCI/LCA, poupança, fundo DI e CDB retorna um valor menor, mesmo considerando que alguns desses ativos são isentos de IR.
Tipo de investimento | R$ 300 mil + rendimento em 2 anos* |
---|---|
Tesouro | R$ 364.548 |
LCI/LCA | R$ 343.797 |
Poupança | R$ 341.002 |
Fundo DI | R$ 350.222 |
CDB | R$ 348.932 |
*Valores brutos, sem considerar IR
Tesouro Selic
O Tesouro Selic é um título normalmente recomendado para reserva de emergência. Ele tem a remuneração pós-fixada, ou seja, conhecida apenas no resgate. O papel acompanha a taxa Selic, atualmente em 10,50% ao ano, pagando um pequeno prêmio sobre a taxa básica de juros. Isso significa que, à medida que a Selic sobe, o papel paga mais. Mas, quando os juros recuam, o investidor também ganha menos.
Um investimento de R$ 300 mil no Tesouro Selic por dois anos resulta em um montante total de R$ 361.819. Após desconto de IR e taxa de custódia, o valor líquido fica em R$ 351.143 – também acima das demais opções de renda fixa listadas abaixo, incluindo as isentas.
Tipo de investimento | R$ 300 mil + rendimento em 2 anos* |
---|---|
Tesouro Selic | R$ 361.819 |
LCI/LCA | R$ 343.797 |
Poupança | R$ 341.002 |
Fundo DI | R$ 350.222 |
CDB | R$ 348.932 |
*Valores brutos, sem considerar IR
Tesouro Prefixado
O Tesouro Prefixado é um título do governo que tem a taxa de retorno conhecida no ato da compra: no vencimento, o investidor irá obter de volta o valor aplicado corrigido pela taxa de face do papel. Atualmente, o papel para 2027 oferece retorno de 11,71% ao ano.
Segundo especialistas, o aporte nesse tipo de título é mais arriscado em momentos de incerteza econômica, pois os retornos não serão corrigidos por taxas flutuantes e que refletem o momento do mercado, a exemplo do IPCA e da Selic – ou seja, é possível que o papel pague bem ou mal, a depender do cenário no ato do resgate.
Ao investir hoje R$ 300 mil no Tesouro Prefixado 2027 e resgatar em dois anos, o poupador obteria R$ 374.047 antes de impostos, ou R$ 361.480 após taxas. Nas condições atuais, trata-se da aplicação do Tesouro Direto que oferece o maior ganho frente a demais opções de renda fixa.
Tipo de investimento | R$ 300 mil + rendimento em 2 anos* |
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Tesouro | R$ 374.047 |
LCI/LCA | R$ 343.797 |
Poupança | R$ 341.002 |
Fundo DI | R$ 350.222 |
CDB | R$ 348.932 |
*Valores brutos, sem considerar IR
Cuidado com o vencimento
As simulações acima consideram prazos de dois anos, o que representaria resgate antecipado para quase todos os títulos. No entanto, o investidor precisa levar em conta que os valores podem não coincidir com a realidade, já que a saída de um título antes do vencimento mexe com o retorno: se as condições de mercado no momento tornarem o papel menos valorizado, o desconto será refletido no rendimento final da aplicação.
Dessa forma, a maneira mais segura de prever os retornos de uma aplicação é levando-a até o vencimento.