O CDI é o porto seguro do investidor brasileiro. Afinal, ele acompanha a taxa Selic, que roda em patamares altos na comparação com os países mais desenvolvidos. Hoje, por exemplo, taxa de referência do mercado está em 10,50%, enquanto o último dado de inflação (de julho) mostra alta de 4,59% nos últimos 12 meses e a estimativa do mercado para o acumulado de 2024 passou de 4,12% para 4,20%, na quarta semana seguida de alta. Com esses números, o ganho real do investidor no CDI estaria acima de 6%. Parte daí a admiração do brasileiro pelo referencial da renda fixa.
Porém, outro investimento que é acessível a qualquer investidor hoje ganha do CDI ao longo do tempo e garante proteção da carteira. Essa segurança pode ser ainda mais valiosa em momentos de turbulência, como o que o mercado atravessa agora, com atividade econômica dos Estados Unidos preocupando e dólar nas alturas.
Um levantamento da Tag Investimentos mostrou que quando os títulos públicos oferecem IPCA + 6% – como acontece hoje –, esse investimento ganha de lavada do CDI. Isto pode fazer o investidor repensar sobre a segurança dos investimentos pós-fixados.
A gestora analisou as taxas praticadas desde 2006 nos títulos públicos e mediu o percentual de tempo em que os títulos do Tesouro IPCA+ entregaram retorno acima do CDI. Quando as taxas reais estavam entre 6% e 6,5%, o retorno desses títulos superou o CDI em 65,46% do tempo nas alocações de um ano. Em alocações mais longas, de oito anos, a dominância do Tesouro IPCA+ aumenta para 91,58% de tempo com retorno superior.
Confira o percentual de tempo em que os ganhos das NTN-Bs estiveram à frente do CDI em janelas de 1 a 8 anos:
“O carrego das NTN-Bs (Tesouro IPCA+) traz uma posição confortável, os números mostram que se você comprou e carregou esses papéis, praticamente não perdeu do CDI”, explica Marco Bismarchi, sócio e gestor de portfólio da TAG Investimentos.
Dólar pode ser vilão
Além de perder para o Tesouro IPCA+, o investimento no CDI não tem proteção contra a inflação, o que representa um risco. Situações que colocam pressão nos preços, como a disparada do dólar vista no começo do mês, podem tirar o sono de quem está alocado somente em pós-fixados.
“Não é nosso cenário base, mas nunca descartamos um descontrole inflacionário”, diz Ricardo Nunes, CIO de crédito da Paramis Capital.
Na última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), a autoridade monetária passou a listar o câmbio como fator de risco para a inflação. Não à toa, crescem especulações sobre um aumento de juros no Brasil por conta do dólar alto. Até esse aumento se concretizar (ou não), quem tem pós-fixados não vê sua remuneração subir.
Mas Fábio Guarda, sócio e gestor da Galapagos Capital, pondera que, hoje, “o mercado já embute risco enorme de descontrole inflacionário após dados recentes de inflação que surpreenderam negativamente”, e este é o motivo para o IPCA+ remunerar tão bem.
As análises mostram que o investidor que se escora apenas no CDI pode, sim, se dar mal ao longo do tempo, seja por um descontrole inflacionário inesperado que vai corroer seu rendimento ou pelo custo da oportunidade perdida de ganhar mais dinheiro no IPCA+.
Analisar os riscos que o CDI traz para a carteira ajuda os investidores a chegaram à conclusão que os especialistas sempre reforçam: diversificação é uma das chaves do sucesso. Bismarchi conta que a TAG prefere a alocação no Tesouro IPCA+, mas também têm posições em pós-fixados, mesmo não gostando tanto do indexador. “Gostamos, mas não é a opção que preferimos; temos caixa lá (em pós-fixados) e parcela mais relevante de participação em fundos mais conservadores”.
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