Primeiro dos “bancões” a divulgar os seus resultados do segundo trimestre de 2024 (2T24), o Santander Brasil (SANB11) registrou tendências positivas de qualidade dos seus ativos, ainda que com uma receita líquida de juros (NII) considerada fraca, segundo apontam analistas. Em meio a uma visão de um resultado no geral considerado positivo, as units SANB11 abriram a sessão com alta, com avanço de 2,44%, a R$ 29,00, às 10h10 (horário de Brasília) da sessão desta quarta-feira (24). Contudo, ao longo da sessão, os papéis perderam força e alternaram entre leves perdas e ganhos, com SANB11 fechando com leves ganhos de 0,35%, a R$ 28,41.
O lucro líquido recorrente no 2T24 foi de R$ 3,3 bilhões (+10,3% no trimestre e avanço de 44% na base anual, 10% acima da estimativa do Bradesco BBI e 4,4% além do consenso LSEG e Bloomberg. Já o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) subiu para 15,5%, acima da projeção do BBI de 13,9% e dos 14,1% do 1T24, impulsionado principalmente por receitas de taxas de serviços mais fortes (4,9% acima do projetado pelo BBI) e provisões abaixo do esperado (-3,0% ante a projeção do banco), enquanto a receita líquida de juros e as despesas operacionais ficaram em linha com as expectativas.
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Já a margem financeira mais fraca do que o esperado limitou a expansão dos lucros. O Santander Brasil reportou NII (ou receita líquida de juros) de R$ 14,8 bilhões (praticamente estável no trimestre e +10,6% na base anual, mas 0,9% abaixo da estimativa do BBI) com o NII do mercado contraindo 22,6% no trimestre (25,6% abaixo da projeção do banco), impactado negativamente pela volatilidade nos resultados de tesouraria. Entretanto, a margem do banco com clientes ficou globalmente em linha com a sua estimativa (+0,2% trimestralmente, +3,0% anualmente), apesar do aumento nos volumes.
“Em nossa opinião, o Santander Brasil apresentou tendências majoritariamente positivas no 2T24”, avalia o BBI, apontando ainda a taxa de inadimplência (NPL), que ficou globalmente estável em 3,2%, enquanto o banco reportou melhorias sólidas na formação de NPL (ou NPL formation, a variação do saldo de créditos em atraso) e nos indicadores iniciais de NPL, acompanhadas por um forte desempenho das receitas de taxas de serviços e despesas operacionais controladas.
“Do lado negativo, acreditamos que o crescimento da margem financeira decepcionou, com os ganhos de tesouraria contraindo no trimestre, ficando aquém da melhoria sequencial esperada, enquanto a margem com clientes também ficou estável. Em suma, acreditamos que os resultados consolidados ainda foram em sua maioria positivos, uma vez que a qualidade dos principais ativos, taxas e despesas operacionais apresentaram tendências saudáveis”, avalia o banco.
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Na avaliação do Itaú BBA, os números também foram em sua maioria positivos, com lucro e ROE correspondendo às suas estimativas mais otimistas. A carteira total de empréstimos aumentou 2% no trimestre (+8% anualmente), impulsionada pelo varejo (+5% no trimestre) e segmento corporativo (+4% no trimestre). Por outro lado, o banco também ressalta que o NII total estável no trimestre foi o único ponto negativo, depois de uma base de comparação difícil no 1T.
Enquanto isso, as despesas operacionais totais ficaram estáveis sequencialmente e aumentaram menos que a inflação desde o ano passado, gerando importantes ganhos de eficiência.
O banco obteve um benefício de venda de ativos de R$ 1,9 bilhão, que levou a provisões adicionais de crédito, não impactando, portanto, a demonstração de resultados gerenciais. “Em suma, os resultados cumpriram os requisitos na direção de um ROE entre 16% e 19% no próximo ano. Esta deverá ser uma temporada de resultados geralmente positiva para os bancos brasileiros e o Santander Brasil começou com o pé direito”, avalia o BBA.
O JPMorgan, por sua vez, viu um trimestre neutro no geral para o banco, que continua a recuperar o seu ROE, enquanto também celebra saldos renegociados mais baixos e aceleração do crescimento dos empréstimos em algumas linhas; por outro lado, o CET1 (índice que mostra a relação entre os fundos próprios principais de nível 1 de um banco e os seus ativos ponderados pelo risco) caiu.
“Resumindo, temos uma primeira visão predominantemente neutra. Observamos também que a empresa teve ganhos não recorrentes de R$ 1,9 bilhão com sua parceria estratégica com a Pluxee (vale-refeição Sodexo) que foram usados para também para constituir provisões adicionais de R$ 1,9 bilhão, portanto, sem impacto nos números gerenciais”, avalia o JPMorgan.
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Entre outros destaques, o banco também cita: (i) a margem financeira abaixo das suas estimativas em 2%, (ii) a aceleração do crescimento dos empréstimos, ajudada pelo câmbio e por segmentos de consumo selecionados, como automóveis, com aumento de 6% em relação ao trimestre anterior e cartões, aumento de 4% em relação ao trimestre anterior (indicando apetite contínuo ao risco – também refletido no crescimento dos usuários de cartões e no TPV, ou volume total de pagamentos, de crédito, com alta de 16% em termos anuais) – já outros segmentos de consumo perderam força neste trimestre; (iii) os empréstimos selecionados (clientes de renda mais alta) aumentaram surpreendentes 60% em relação ao ano anterior; (iv) a captação também foi boa, com depósitos aumentando 5% em relação ao trimestre anterior; (v) as taxas de serviços foram positivas, impulsionadas pela forte corretagem e colocação de títulos (+11% em termos trimestrais) e (vi) na qualidade dos ativos, o NPL manteve-se em 3,2%, mas a formação do NPL diminuiu.
“Resumindo, um bom trimestre para SANB11”, avalia o JPMorgan, que tem recomendação neutra para os ativos. Já Itaú BBA e Bradesco BBI possuem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para os papéis.