João Landau acha que “é impossível um país emergente ter dívida de 70% a 80% do PIB, com juros reais de 8% e política fiscal frouxa”. O sócio-fundador da Vista Capital aponta um cenário muito complicado à frente. “As commodities estão mais para o lado negativo, e já atrapalha um pouco o Brasil que é muito dependente delas”, afirma.
“O equilíbrio macroeconômico que a gente tinha muito forte, com expectativa de crescimento maior do que o mercado e inflação mais baixa, não andou porque a falta de confiança é tamanha”, acrescenta.
Nesse cenário, João Landau mostrou estar “muito preocupado” com cenário local, durante o episódio 259 do Stock Pickers, com apresentação de Lucas Collazo e Henrique Esteter.
País de commodities
“O Brasil é complexo. Nosso processo macro é de longo prazo. Sempre falo que política é secundário. Parece que a gente não liga para política. Adoraria que a política fosse primária”, comenta.
Ele confessa que separa o voto, quando vai fazer análise do mercado. “Tem que olhar independente”, diz.
“Acredito piamente que no equilíbrio macro as variáveis externas são muito mais importantes”, ressalta. “A gente é um país de commodities. E as commodities são externas”, diz.
“Tem o Executivo (governo federal), que no seu momento tem o arcabouço. Mas o Executivo não tem controle de nada. Nossa safra de governadores talvez seja a melhor que existe hoje, com bons prefeitos. Tem uma leva de políticos muito interessantes. Isso gera PIB”, destaca.
“Sou animado com a polarização”
“Da eleição para cá, o Lula fez um monte de besteira”, diz. Mas o gestor da Vista Capital afirma não ter “o certo e o errado”.
“Eu adoraria que o mercado reagisse. A Faria Lima faz um ótimo trabalho por pressionar por reforma. Ao contrário do mercado, sou animado com a polarização. Cresci no meio de política, mas sou cético com isso.”
Para o gestor, se debate muito no Brasil a necessidade de reformas e a questão fiscal, mas questiona porque não se discute “a grande reforma no Brasil que é segurança pública”. “Isso resolveria o fiscal, produtividade, PIB…”
“Mas se eu for esperar o Brasil fazer as coisas corretas, eu não invisto no Brasil nunca.”
Para o gestor da Vista Capital, a tese do Brasil é nota 6. “É muito amarrado”, define. Segundo João Landau, as variáveis macroeconômicas são muito importantes, como as reformas, a balança comercial e as divisas.
“A arrecadação cresceu 8% real desde 2018. A gente gastou tudo. Cresceu por conta do equilíbrio macroeconômico, commodities, reformas micro que foram feitas”, compara.
Segundo o gestor, os preços estão muito deprimidos, especialmente na Bolsa. “O fluxo foi todo para crédito e é a menor alocação da bolsa na história. Os preços (na bolsa) estão muito baratos em relação ao spread de crédito”, afirma.