Contratar um seguro automotivo pode parecer uma tarefa simples, mas algumas “armadilhas” podem estar presentes nas apólices (contrato de seguro) que, atualmente, protegem apenas 30% da frota automotiva brasileira, segundo estimativas do mercado. São detalhes que acabam gerando dificuldades de compreensão para o consumidor brasileiro na hora de escolher o seguro adequado, principalmente devido à complexidade dos termos técnicos e as várias opções disponíveis no mercado. Isso pode resultar na contratação de um seguro que não atende plenamente às necessidades do segurado, ou que não oferece o melhor custo-benefício.
A primeira barreira, de acordo com Igor Mascarenhas, CEO da Píer Seguradora, é a dificuldade de comparação entre os produtos ofertados que o consumidor se depara ao fazer a cotação do seguro auto.
“Os consumidores se deparam com termos e números que nem sempre sabem o que significa, como a franquia, que pode ser reduzida em uma [seguradora] e mais cara em outra, ou coberturas como a RCF [responsabilidade civil facultativa, que indeniza casos não intencionais de danos a terceiros], e nem sempre sabem como comparar essas ofertas conforme a sua expectativa e o produto mais adequado em termos de custo-benefício”, explica o executivo no episódio desta quinta-feira (26) do Tá Seguro, videocast do InfoMoney que descomplica o universo dos seguros. O programa já está disponível no YouTube e nas principais plataformas de podcast.
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Outro ponto de confusão é a justamente a falta de conhecimento sobre as coberturas disponíveis. Grande parte das pessoas desconhece que é possível contratar coberturas “separadas”, como roubo e furto ou danos a terceiros, sem adquirir um seguro compreensivo, que cobre muitos riscos num pacote só — do roubo ao alagamento. Na realidade, explica Mascarenhas, é possível contratar apenas coberturas específicas, como a de roubo e furto ou colisão, conforme a necessidade — e o bolso — do consumidor. Como exemplo, o CEO cita os proprietários de carros mais antigos, que muitas vezes acreditam que não é mais necessário contratar o seguro.
Nesses casos, o risco de prejuízo ainda existe, já que tanto um carro novo quanto um antigo estão expostos a acidentes no trânsito. “Talvez uma pessoa que tenha um carro mais antigo não se preocupe tanto com o bem, mas deveria se preocupar com danos a terceiros, porque pode bater num carro bem novo e caro e, no final das contas, o prejuízo vai ser igual se tivesse um carro zero quilômetro. Ou então quem tem amigos mecânicos e funileiros não se preocupa com uma ‘batidinha’, mas sim com grande prejuízo, pode valer a pena a cobertura só de roubo e furto”, comenta.
O perfil do condutor também é determinante no valor final da apólice. Fatores como a idade do motorista, seu endereço e o uso do veículo impactam diretamente na precificação. Seguradoras consideram, por exemplo, se o condutor reside em uma área de maior risco ou se utiliza o carro frequentemente para o trabalho, mas Mascarenhas aponta que hoje o mercado consegue ir além da análise de dados somente sociodemográficos.
O avanço tecnológico, com a adoção da inteligência artificial e a análise massiva de dados, vem contribuindo muito para adequar a precificação ao perfil do segurado. “Todas as seguradoras tentam entender qual é o risco que elas estão comprando e com isso conseguem balancear uma pessoa que tem menor risco a pagar menos e a pessoa que tem maior risco a pagar mais. A estatística faz parte desse mercado. Nós usamos [a análise de] dados de maneira muito intensa para tentar individualizar esse risco”, destaca o CEO. Além disso, é importante informar à seguradora, na cotação, dados como quem mais dirige o automóvel e a faixa etária, para que a cobertura seja válida em todos os casos de acidentes.
Além dessas questões, fraudes no setor de seguros são um problema recorrente, aumentando os custos para todos. Um dos golpes mais comuns, conta o executivo, é a inversão de responsabilidade em acidentes, onde a culpa pelo sinistro é falsamente atribuída à parte mais protegida, resultando em um pagamento indevido da indenização. “Isso encarece o seguro para todo o mercado”, alerta Mascarenhas.
O CEO da Píer reforça ainda a importância das assistências e coberturas adicionais, como a cobertura só para os vidros e o serviço de guincho, que muitas vezes é subestimado, mas pode ser decisivo em situações cotidianas. “Mesmo que a pessoa opte por um seguro mais básico, como o de roubo e furto, é fundamental incluir o guincho, pois sua frequência de uso é alta”, aconselha.
Diante desse cenário, é fundamental que o consumidor entenda as particularidades do seguro automotivo e faça comparações criteriosas – inclusive tirando todas as dúvidas com um especialista – antes de tomar uma decisão.