Gestores multimercados estão unânimes na aposta de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central irá manter a Selic em 10,50% após encerramento da reunião de quarta-feira (31). O palpite se repete até o final do ano para a taxa de juros, mas a mesma estabilidade não é vista para o comportamento do dólar.
Segundo pesquisa da XP com gestoras divulgada nesta terça-feira (30), a perspectiva de queda nos juros dos Estados Unidos nos próximos meses mexeu nas carteiras refletindo a aposta de que a moeda americana irá enfraquecer até o fim de 2024.
Entre os respondentes, 27% disseram manter posições vendidas em dólar, contra 6% em junho e 11% em maio. A pesquisa foi realizada entre os dias 19 e 26 de julho com 34 casas que possuem mandatos multimercados macro.
O levantamento também mostrou que as gestoras avançaram ligeiramente nas posições compradas (que se beneficiam da valorização) em real versus dólar, com aumento de 7 ponto percentual em relação a junho, subindo de 37% para 44%.
Segundo o relatório, este movimento pode ser explicado por uma piora muito maior da moeda brasileira frente aos seus pares emergentes, que tiveram crescimento de 18 p.o. na quantidade de gestores com posições vendidas (que apostam na desvalorização) na mesma janela.
A visão mais negativa para a moeda brasileira, no entanto, ainda é predominante. Mesmo com aumento de comprados em real, 56% dos gestores (ante 63% em junho) ainda estão vendidos na moeda brasileira, enquanto 73% (versus 94% no mês passado) estão comprados em dólar.
À espera da queda dos juros
Os gestores estão se posicionando considerando uma Selic estacionada em 10,50% até o fim do ano, mas isso não impediu revisões altistas para a inflação em 2024. A média entre as casas aumentou de 3,8% para 4,07%, o que adiciona alguma pressão no Banco Central em relação aos juros.
O relatório indica que há conversas entre os agentes de mercado sobre uma possibilidade de alta dos juros neste ano, mas a maioria (76%) dos gestores consultados segue aplicada (posição que se beneficia da queda) em juros reais ou nominais brasileiros.
Nos países desenvolvidos, as posições aplicadas são unânimes, indicando um apetite por corte de juros maior do que o atualmente precificado pelo mercado, segundo os analistas da XP.
Bolsa local ganha força
Em julho, cresceu a parcela de gestoras que está com uma perspectiva mais positiva para a alocação local: de 29% em junho para 47% neste mês. Em paralelo, a visão negativa diminuiu de 47% para 24% no mesmo período.
“Ainda que existam ruídos advindos de Brasília e uma maior desconfiança em relação à trajetória fiscal e juros ainda altos, temos visto uma retomada de maior alocação de risco em bolsa local”, diz a pesquisa.
A visão para a alocação internacional ainda é predominante, mas deteriorou um pouco entre junho e julho. A visão positiva diminuiu de 47% para 38% na virada do mês, enquanto a perspectiva negativa entre gestores aumentou, de 16% para 21%.
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