Em um cenário de incertezas e volatilidade, agosto terminou com queda das taxas dos títulos Tesouro Direto, com todos os papéis disponíveis para compra registrando fechamento dos prêmios; Com isso, os investidores que já tinham títulos com taxas mais altas no portfólio viram valorização de até 1,37%. Mas será que a tendência têm fôlego para continuar mais um mês?
“Houve queda no prêmio de risco do Brasil com a perspectiva de queda de juros nos Estados Unidos que ajudou países emergentes”, explica João Coutinho, economista e sócio da Rj+ Asset. Ele ainda enxerga “melhora da percepção do mercado” na avaliação da troca de comando no Banco Central.
Por outro lado, agosto também foi marcado por discussões sobre o futuro da política monetária no Brasil, com gestores projetando Selic em até 13,50% ao ano, o que segurou as taxas em “patamares interessantes para os investidores”, segundo Gabriela Joubert, estrategista-chefe do Inter.
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Título | Rentabilidade em agosto (%) | Rentabilidade no ano (%) |
Tesouro Prefixado 2027 | 1 | – |
Tesouro Prefixado 2029 | 1,37 | -1,32 |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2035 | 0,93 | – |
Tesouro IPCA+ 2029 | 0,57 | 0,95 |
Tesouro IPCA+ 2035 | 0,27 | -2,77 |
Tesouro IPCA+ 2045 | 0,79 | -8,29 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2035 | 0,41 | -0,54 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2040 | 0,68 | -0,93 |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2055 | 0,25 | -4,38 |
Tesouro Selic 2027 | 0,94 | 7,36 |
Tesouro Selic 2029 | 0,87 | 7,28 |
Taxas ainda menores – e mais valorização – pela frente
Segundo analistas, a tendência para o fechamento de setembro é um resultado parecido com o de agosto. O assunto do mês é fácil de identificar: as decisões de política monetária no Brasil e Estados Unidos, no próximo dia 18.
Joubert projeta que um corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) “pode trazer algum alívio” nas taxas porque a diferença de juros básicos entre Brasil e EUA vai aumentar, o que deixa os títulos do Tesouro Direto mais atrativos.
- Leia mais: Marcação a mercado: o que muda e como afeta a renda fixa
Coutinho concorda que a expectativa é de queda nas taxas, mas pondera que “ainda há muitas incertezas no ar e somente após as decisões dos BCs e, principalmente, leitura do teor dos comunicados e atas, o mercado adotará uma tendência mais clara”.
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Até que as incertezas sejam esclarecidas (ou não), a recomendação é não arriscar. Por isso, os prefixados não estão nas listas de recomendações.
O Inter está posicionado em IPCA+ e pós-fixados, sem os papéis com 100% da remuneração fixa. Para a RJ+ Asset, os pós-fixados (indexados ao CDI) são a bola da vez por causa da nebulosidade do cenário à frente e alta remuneração que os papéis oferecem.
A Nord também prefere o Tesouro Selic para o momento atual e justifica, em relatório, que “esses títulos permitem que o investidor capture uma taxa de juros de dois dígitos e ainda movimentem a carteira em caso de novas oportunidades”.